(Alertado pela crónica
de Nicolau Santos, hoje na Antena 1 ...)
Hoje de manhã, de marcha
para Viseu, onde fui animar juntamente com o ex-secretário Walter Marques,
professor no Instituto Politécnico de Castelo Branco, uma sessão do Conselho
Nacional de Educação, a convite do seu Presidente, Professor David Justino,
fiquei alerta com uma crónica de Nicolau Santos na Antena 1. A notícia era a
discussão que vai travar-se no parlamento Finlandês sobre uma possível saída do Euro, por força de uma petição de um deputado do partido hoje no poder que
obteve 50.000 assinaturas.
Sempre poderá dizer-se que
se trata de um efeito colateral da votação popular obtida pelo partido eurocético
nas últimas eleições (o True Finns
com cerca de 19%). Mas muito provavelmente representará mais do que isso. Não é
verdade que a economia finlandesa tenha tido um comportamento mais desfavorável
depois da criação do euro. Analisando a evolução das taxas de crescimento do
PIB per capita finlandês e da zona euro (18 países) entre 2000 e 2015, a preços
correntes, observa-se que o comportamento desanimador da economia finlandesa
tem lugar depois da crise de 2007-2008. Os números do gráfico são
verdadeiramente esclarecedores. Apesar de em 2010 e 2011, a economia finlandesa
parecer recuperar os ritmos de crescimento anteriores à Grande Recessão, a
partir de 2011 a estagnação do crescimento per capita é bem revelador dos
fantasmas que estarão a pairar sobre as cabeças dos finlandeses. Cada vez mais
me convenço que o Euro não é necessariamente a fonte de todas as maleitas. Mas
para mim ele representa um tratamento estranho que põe a nu outro tipo de
patologias que permaneciam relativamente latentes ou ocultas. Foi assim no caso
de Portugal e o seu efeito revelador aconteceu já antes da Grande Recessão de
2007-2008 e parece no caso finlandês observar-se só depois desta. Sabemos que o
modelo de inovação que tanto entusiasmou as elites portugueses parecer ter
perdido o seu fulgor, sobretudo depois que a Nokia sofreu o conhecido abalo no
segmento dos telemóveis, com as exportações a perderem dinâmica, não só pelo
efeito Rússia, mas também pela própria incapacidade de absorção dos mercados da
União Europeia.
A Finlândia parece assim
apanhar por tabela de um problema mais geral, a incapacidade europeia para
gerir proativamente a recuperação macroeconómica depois da Grande Recessão, por
força da falta de força de intervenção de um BCE esgotado nas suas piruetas de
política monetária mais ou menos heterodoxa. Não admira, por isso, que neste
contexto, os ratos queiram abandonar o barco, até porque como dizia hoje
Nicolau Santos a pretensa indisciplina dos povos do sul já não consegue ser
bode expiatório das dificuldades dos povos do Norte.
É por estas e por outras
que, tema de outro post, tem de ser denunciado o comportamento persecutório do
Partido Popular Europeu, que quer agora tapar o sol com a peneira das sanções às
economias de Portugal e Espanha. O problema é outro e o anteriormente tão unido
Diretório Europeu parece agora meter água por todos os lados.
Sem comentários:
Enviar um comentário