segunda-feira, 16 de maio de 2016

FIXIT?: MAS QUE IRONIA!


(Alertado pela crónica de Nicolau Santos, hoje na Antena 1 ...)



Hoje de manhã, de marcha para Viseu, onde fui animar juntamente com o ex-secretário Walter Marques, professor no Instituto Politécnico de Castelo Branco, uma sessão do Conselho Nacional de Educação, a convite do seu Presidente, Professor David Justino, fiquei alerta com uma crónica de Nicolau Santos na Antena 1. A notícia era a discussão que vai travar-se no parlamento Finlandês sobre uma possível saída do Euro, por força de uma petição de um deputado do partido hoje no poder que obteve 50.000 assinaturas.

Sempre poderá dizer-se que se trata de um efeito colateral da votação popular obtida pelo partido eurocético nas últimas eleições (o True Finns com cerca de 19%). Mas muito provavelmente representará mais do que isso. Não é verdade que a economia finlandesa tenha tido um comportamento mais desfavorável depois da criação do euro. Analisando a evolução das taxas de crescimento do PIB per capita finlandês e da zona euro (18 países) entre 2000 e 2015, a preços correntes, observa-se que o comportamento desanimador da economia finlandesa tem lugar depois da crise de 2007-2008. Os números do gráfico são verdadeiramente esclarecedores. Apesar de em 2010 e 2011, a economia finlandesa parecer recuperar os ritmos de crescimento anteriores à Grande Recessão, a partir de 2011 a estagnação do crescimento per capita é bem revelador dos fantasmas que estarão a pairar sobre as cabeças dos finlandeses. Cada vez mais me convenço que o Euro não é necessariamente a fonte de todas as maleitas. Mas para mim ele representa um tratamento estranho que põe a nu outro tipo de patologias que permaneciam relativamente latentes ou ocultas. Foi assim no caso de Portugal e o seu efeito revelador aconteceu já antes da Grande Recessão de 2007-2008 e parece no caso finlandês observar-se só depois desta. Sabemos que o modelo de inovação que tanto entusiasmou as elites portugueses parecer ter perdido o seu fulgor, sobretudo depois que a Nokia sofreu o conhecido abalo no segmento dos telemóveis, com as exportações a perderem dinâmica, não só pelo efeito Rússia, mas também pela própria incapacidade de absorção dos mercados da União Europeia.

A Finlândia parece assim apanhar por tabela de um problema mais geral, a incapacidade europeia para gerir proativamente a recuperação macroeconómica depois da Grande Recessão, por força da falta de força de intervenção de um BCE esgotado nas suas piruetas de política monetária mais ou menos heterodoxa. Não admira, por isso, que neste contexto, os ratos queiram abandonar o barco, até porque como dizia hoje Nicolau Santos a pretensa indisciplina dos povos do sul já não consegue ser bode expiatório das dificuldades dos povos do Norte.

É por estas e por outras que, tema de outro post, tem de ser denunciado o comportamento persecutório do Partido Popular Europeu, que quer agora tapar o sol com a peneira das sanções às economias de Portugal e Espanha. O problema é outro e o anteriormente tão unido Diretório Europeu parece agora meter água por todos os lados.



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