terça-feira, 3 de maio de 2016

UMA CIDADE MÁRTIR NA CONFLUÊNCIA DE CINCO GUERRAS

(a partir de http://www.lemonde.fr)

Os meios de comunicação social noticiaram, na semana passada, o bombardeamento deliberado por caças russos de um hospital (gerido pelos Médicos Sem Fronteiras e pela Cruz Vermelha) na parte de Alepo (segunda cidade da Síria e sua ex-capital económica, agora devastada por combates e reduzida a poucos centenas de milhar de habitantes dos dois milhões pré-existentes) que é controlada pelas forças rebeldes ao regime de Bashar Al-Assad, provocando 50 mortos (dos quais 44 doentes). O objetivo de tão hediondo crime (o mais mediatizado dos muitos que diariamente por lá ocorrem, incluindo por parte dos grupos insurrecionistas na parte ocidental da cidade) parece ser o de cercar a população civil que ainda se mantém nos bairros controlados pela oposição visando cortá-la dos seus acessos à Turquia e simultaneamente consolidar o domínio assadista sobre a região mais populosa do país.

Neste quadro, claro se torna quão ineficaz rapidamente se tornou o cessar-fogo alcançado em finais de fevereiro com vista a poupar vítimas civis e facilitar negociações. À guisa de ponto de situação, lê-se no editorial do último “Le Monde”: “Vladimir Putin tem a iniciativa. O essencial das suas forças, posicionadas no início do Verão, manteve-se no local. Caças e helicópteros russos apoiam dezenas de milhar de milicianos estrangeiros vindos em reforço do que resta do exército sírio. No outro campo, a Turquia e os monarcas árabes do Golfo rearmaram as diferentes componentes da insurreição – e sem dúvida a Frente Al-Nusra, ramo sírio da Al-Qaeda, presente em Alepo. Barack Obama não dá prioridade a pacificar a frente siro-síria mas a lutar contra a organização dita Estado Islâmico (EI). Trata-se, desta vez, de preparar um ataque contra a cidade de Rakka, o feudo do EI na Síria. Alepo esperará.”

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