(Relatos de um
sofredor ...)
Tenho uma relação estranha
com o futebol, Já há muito tempo, há mesmo muito tempo, que deixei de partilhar
a ambiência do futebol com grandes manifestações coletivas. Transformei-me num
sofredor isolado, na ambiência de uma cadeira de braços, no isolamento de uma
sala, vivendo cada minuto.
A recuperação do SLB foi épica,
numa competição estranha a que faltou a animação de uma luta a três e demasiado
marcada pela agressividade da dupla JJ/BC. Tem razão Manuel Machado quando
lamentava o fosso cada vez maior entre os da frente e o resto, que vai minando
a consistência da luta. Mas acabaram por ser os resultados entre os grandes e o
resto do campeonato que determinaram o desfecho final.
Em matéria de futebol estou
cada vez mais adepto da máxima: “diz-me quem circula em matéria de gestão em
torno do Presidente da agremiação e dir-te-ei as chances que lhe estão
reservadas”. Penso ser essa máxima que determinou o êxito do SLB. Começa a
ver-se ao fundo do túnel uma luz sobre a emergência de uma organização forte,
como aquela que marcou o FCP de há alguns anos.
Pois pode o intrépido JJ
derramar todo o seu ego e glorificar toda a sua criatividade, que sem essa organização
a enquadrá-lo resvalará numa esquina próxima. Falta ao homem arcaboiço para se transformar
no que o incontornável Manuel Sérgio chama de treinador total, dos jogadores,
das bancadas, da estrutura. Até ao princípio de uma nova época, JJ vai
continuar a falar para as paredes, porque não terá interlocutor. Porque a
partir de hoje e com os resultados no plano interno e no plano europeu, Rui Vitória
já tem muito para oferecer, por muito que isso custe ao ego colorido de JJ.
O dia de hoje foi um
processo de sofrimento como sempre.
E para o ano há mais.
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