(Por este andar,
Dilma a impedida, ainda
será canonizada na vida política brasileira)
Por estes dias, ainda vou dedicar-me à elaboração de um ensaio sobre os
traços fisionómicos de políticos brasileiros, entre os quais os que integram o
governo de Michael Temmer. É que há matéria sugestiva para o fazer.
Romero JUCÁ é um tem(m)erário. Não porque seja um intrépido e sem medo
governante. Mas porque integra os homens (Temmer não confia nas mulheres, a não
ser na sua jovem, virtuosa e recatada, embora vistosa, mulher) de confiança do
agora presidente de substituição. Ora, confiança
significa pactos, explícitos ou implícitos pouco importa, partilha da mesma
visão sobre a coisa pública e sobre os meandros mais profundos da governação.
E a confiança era, pelos vistos, bem profunda. Romero JUCÁ estava a ser
alvo de investigação por parte da procuradoria-geral da República no âmbito da
operação Lavajato e do assalto à PETROBRÁS. Apesar disso, foi-lhe confiado o
ministério do Planeamento, Orçamento e Gestão. Exemplar, não? A nomeação por
Temmer não poderia ser mais clara.
Ora eis senão que a Folha de S. Paulo divulgou umas escutas telefónicas nas
quais o tem(m)erário JUCÁ aparece a defender que Dilma teria de ser afastada
para interromper a sangria do Lavajato, ou seja, em melhor e mais direta
linguagem, para salvar o coiro, de si próprio e da rede de confiança. JUCÁ teve
assim de encostar às boxes e esperar melhores dias para salvar esse mesmo
coiro.
Com o PT mergulhado já não em salpicos mas na sua própria teia de
corrupção, que se tinha transformado numa espécie de sobretaxa para os
investidores no Brasil e com o partido de Temmer atolado em suspeições (ou já
mais do que isso) e com o cenário de eleições antecipadas ainda longe do
horizonte dos brasileiros, pergunto-me que investidor são e apreciador da
legalidade estará disposto a partilhar os seus recursos com tal situação?
Com esta evolução dos acontecimentos, a mais que provável impedida pelo
Senado Dilma, que até agora pode ser acusada de tudo mas que não foi ainda
salpicada por qualquer suspeita de envolvimento corrupto, arrisca-se a ser
transformada em mártir.
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