segunda-feira, 2 de maio de 2016

PARA ONDE?


Mais um bom número do “Expresso” neste Sábado, o qual, no que aqui vimos mais atentamente focando, prossegue entre o crítico e o incrédulo. Refiro-me a três dos seus melhores colunistas e às respetivas perspetivas, na essência largamente convergentes, sobre a atual situação económico-financeira de Portugal.

Assim tivemos Ricardo Costa a defender a ideia de que “o plano é ir gerindo o dia a dia, o ‘cá se vai andando com a cabeça entre as orelhas’”, nele se percebendo um certo esforço no sentido de se resguardar quanto a marcadas conclusões negativas decorrentes desse pouco estratégico refúgio na passagem do tempo.

Tivemos também Pedro Santos Guerreiro a acentuar cautelosamente que “eles não sabem se corre bem...” e a explicitar que “é cedo para perceber se as contas públicas vão cumprir os objetivos” visto que “há só um trimestre de execução e ele foi atípico”, mas não deixando de ir referindo que “a despesa parece controlada, embora se saiba que vai crescer com as reposições graduais de salários” e, sobretudo, que “na receita, contudo, já não é assim, está abaixo das previsões e terá sido inflacionada nos primeiros meses por fatores como a antecipação de dividendos (mais IRC) e compra de automóveis (mais IA e mais IVA)”.

Tivemos, por fim, um mais destrutivo João Vieira Pereira a titular que “é o que dá acreditar em economistas” e a abrir a sua peça nestes pesados termos: “Anda tudo focado no Programa de Estabilidade. Nas medidas que vão ter de ser tomadas para conseguir reduzir o défice nos próximos anos. Para quê? Deviam era estar preocupados com o que está a acontecer agora. Até porque qualquer exercício sobre 2017 é apenas isso. Um exercício cheio de erros encadeados que começou no tempo da outra senhora.” Para logo o concretizar numa referência negativa mais direta a que “os primeiros três meses de execução orçamental do lado da receita mostram o buraco em que o Governo se (nos) enfiou” ou, noutros termos, a que “por muitas cambalhotas que o Governo dê, o dinheiro não está a entrar nos cofres do Estado ao ritmo que devia”. E terminar em girândola a dar por definitivamente adquirida a culpa de um Costa que terá acreditado demasiado piamente em Centeno e nos especialistas económicos que reuniu à volta dele.

Mesmo não ignorando quão precárias são as certezas que nos confere a ciência económica, bem assim como quanta volatilidade predomina nas agendas políticas do jornalismo nacional, há que reconhecer com frontalidade que este é um tema que começa a valer bem uma missa mais solene...

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