quarta-feira, 11 de maio de 2016

ESCOLARIDADE OBRIGATÓRIA E PERCURSOS EDUCATIVOS




(Prossegue esta onda de intervenções públicas, agora em Viseu a convite do Conselho Nacional de Educação, para participar na próxima segunda-feira em Viseu, num seminário organizado por aquela instituição)


O seminário deViseu está focado no tema “Escolaridade obrigatória, diferenciação de trajetos, equidade e sucesso no sistema educativo” e estou a organizar uma intervenção subordinada ao seguinte objeto:

Escolaridade obrigatória, diversidade de percursos educativos e procuras de formação/qualificação

A escolaridade obrigatória de 12 anos coloca especiais desafios à Escola e à política educativa cuja análise exaustiva e global transcende o alcance modesto desta intervenção. A perspetiva de análise que orienta esta intervenção foca-se na diversidade de percursos educativos que uma trajetória de aprendizagem até aos 18 anos de idade deverá contemplar como instrumento de concretização do desígnio que foi sendo introduzido na Lei de Bases do Sistema Educativo nas suas sucessivas alterações e aditamentos. Simplesmente, a abordagem proposta para a desejada diversidade dos percursos educativos não é realizada segundo um ponto de vista de estrutura ideal ou abstrata. Ela é concebida numa perspetiva de transição a partir da situação real de diversidade de percursos educativos que hoje está instalada. Esta preocupação corresponde a uma visão pessoal do autor da intervenção que tem criticado o modo frequente como as políticas públicas que traçam desígnios nacionais de longo prazo (e sobre os quais se poderá falar mais de compromissos políticos do que consensos) carecem de uma visão de transição. Esta visão é crucial para se compreender como é que uma situação inicial (frequentemente impura e até atravessada por contradições) é transformável para poder atingir-se o referido desígnio estratégico nacional. A transformação estratégica de longo prazo exige quase sempre transformação de valores e de comportamentos e a estratégia de transição tem de focar-se em mecanismos adaptativos que tornem possível a viabilização de uma trajetória de transformação.

O autor aplica esta abordagem à questão da diversidade dos percursos educativos fazendo-o no quadro da diversidade já hoje existente e articula a sua sustentabilidade com três tipos de procura de formação e qualificação: a procura social das famílias; a procura dos empregadores (empresarial privada e procura pública) e aquela que designa de procura social, ou seja, a procura de formação/qualificação determinada pelas necessidades de mudança estrutural do país para responder ao lugar que pretende assumir na globalização.

Exemplificando com base na formação de qualificações de tipo intermédio (nível 4) e nas formações superiores (universitária e politécnica), analisa-se em que medida nem sempre é fácil compatibilizar os três tipos de procuras, o que constitui argumento adicional e válido para defender a necessidade de estratégias de transição, que não podem ficar fora dos anteriormente mencionados compromissos políticos de longo prazo.

Como é possível confirmar a partir do abstract com o qual me comprometi, destacaria três possíveis novidades no conteúdo:

  •         A procura de fundamentos para compromissos e não consensos;
  •     O alcance das chamadas estratégias de transição para políticas públicas que prosseguem desígnios nacionais para os quais é necessário encontrar um caminho de transformação;
  •        As três procuras que é necessário atender em matéria de formação/qualificação: a procura das famílias e dos indivíduos; a procura dos empregadores das empresas (incluindo os serviços públicos); a procura social, de natureza estrutural ditada pelas necessidades estratégicas do País, que nem sempre coincidem e que numa estratégia de transição é necessário compatibilizar.

Promissor e desafiante, não?

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