quarta-feira, 10 de julho de 2019

A CARGA FISCAL QUE SE CUIDE!


Volto a Rio e ao seu comando do partido laranja. Com o episódio Castro Almeida a marcar o terreno de um homem capturado por ele próprio e, portanto, por quem o apanhar.

As suas mais recentes invenções – os cabeças-de-listas jovens e desconhecidos, por um lado, e a apresentação de um modelo económico contra a carga fiscal, por outro – não correspondem necessariamente a más ideias, mas perdem a eficácia possível por surgirem tão coladas com cuspo e de tão autoritária e canhestra maneira expostas à opinião pública.

A questão do modelo económico, em especial, é ainda pontuada pelo simplismo economicista que sempre afetou as aparições e afirmações públicas de Rio na matéria. Porque tudo parece um jogo lógico a acontecer numa folha de Excel e não o resultado de um estudo aturado e fundamentado sobre as reações essenciais e comportamentais a serem expectavelmente produzidas na economia portuguesa: cresce-se mais uns pozinhos (é só mudar o número!), diminui-se ao excedente de Centeno (o que até faz sentido!), mexe-se nos escalões intermédios do IRS e nas taxas do IRC (é fácil e não é caro!), baixa-se o IVA de alguns consumos básicos mais chamativos (é igualmente fácil e não caro!) e faz-se mais algum investimento público (qual, há de ver-se e toda a gente sabe!) – e logo resulta o desejado milagre da diminuição da carga fiscal para as classes médias (um foco mais eleitoral do que verdadeiramente estrutural e transformador em relação ao atual estado de coisas!).

De momento, não há notícia de que os portugueses sequer conheçam as novas “contas certas” que Rio fez para eles em noite de insónia e com o lápis atrás da orelha...

(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)

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