quinta-feira, 4 de julho de 2019

PROCURANDO APANHAR O ESSENCIAL


Três monstros da comunicação social permitem-nos hoje, a partir das suas capas, voltar ao essencial do que ocorreu por estes dias no grande centro das decisões europeias. O “Financial Times”, na sua focada e extrema objetividade noticiosa, seleciona a euforia dos mercados perante a escolha de Lagarde para o BCE (uma entidade que, para o bem e para o mal, vai passar a ser largamente dominada por políticos) e a surpresa da opinião pública alemã perante a opção de Merkel por uma muito negativamente pressionada von der Leyen. O “Le Monde” não resiste à obsessão de um omnipresente eixo franco-alemão (chama-lhe compromisso), pese embora o facto de algo ter acontecido nesse registo por via do que terá sido um ajustamento em baixa de Macron face a circunstâncias adversas. O que é, aliás, confirmado pela manchete do El País” que, após uma investigação entre muitas fontes diplomáticas, comunitárias e governamentais, explica que foi uma “viragem de Macron” que obrigou a um recuo em relação ao estabelecido entre socialistas e liberais para um afastamento do PPE dos lugares de maior peso. Vista de fora, aquela viragem vai mais no sentido de um presidente francês não confiável do que no de uma mera rendição à análise concreta da situação concreta que se lhe deparou, mas tudo dependerá obviamente dos tempos e dos modos com que a coisa se fez e do valor seguro que Lagarde vier a revelar-se no comando da política monetária europeia. As negociações (sobretudo nas áreas S&D e ALDE) e os posicionamentos que vão necessariamente emergir na próxima quinzena em torno da validação pelo Parlamento Europeu do nome de von der Leyen serão aspetos altamente reveladores (qualquer que venha a ser o resultado) em relação ao que nos espera no lustro que Bruxelas inicia no outono.

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