sábado, 13 de julho de 2019

UMA ÁFRICA A NÃO PERDER DE VISTA



Andamos todo o mês às voltas com a CAN (Taça Africana das Nações), prova que terminará neste fim de semana sem a vitória dos dois principais países favoritos – quer o anfitrião Egito de Salah quer o campeão em título (Camarões) já saíram de prova – e com um vencedor ser proveniente do Magrebe (Argélia ou Tunísia) ou da parte norte da África Ocidental (Senegal ou Nigéria).

Pois é precisamente nesta região que se vai lentamente estabelecendo a experiência de integração económica mais promissora do Continente, uma Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (ECOWAS no seu acrónimo inglês) que desde 1975 (e tratado revisto em 1993) reúne quinze países e abrange um total de cerca de 350 milhões de cidadãos. Uma realidade largamente desconhecida da opinião pública mundial mas onde se concentram fenómenos muito interessantes e pouco falados de dinâmica económica e uma realidade que, embora cheia de avanços e recuos, procura consolidar elementos concretos da maior relevância, desde logo formas de cooperação política que visam crescentes capacidades executivas e judiciais conjuntas (apontando-se até para a constituição de um parlamento em Abuja) ou a viabilização de intervenções militares para resolução de conflitos na área, para além do objetivo agora declarado prioritário de uma moeda comum a concretizar gradualmente a partir do próximo ano segundo um roadmap que contempla dez exigentes critérios de convergência (quatro primários e seis secundários) e se saldaria pela posterior fusão do novo “eco” com o franco CFA em curso em sete países (por via de uma ligação colonialmente referenciável ao banco central de França). 

Pessoalmente, acho que se voltasse a ensinar Integração Económica teria de ir a Acra, no Gana, para conhecer melhor aquela que parece ser a economia mais disciplinada da zona e para entender melhor o que anda a ser trabalhado no Instituto Monetário da África Ocidental (WAMI) lá sediado – ficará para uma próxima encarnação!

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