(Emilio Giannelli, http://www.corriere.it)
Claro que a União Europeia não precisava de voltar a evidenciar de modo tão exasperante a sua cada vez mais incorrigível divisão interna. Uma divisão, aliás, que ameaça um dia acabar por se tornar fatal. Desta vez, com uma diferença de grau não negligenciável em termos de requintes de malvadez, já que até Merkel foi achincalhada pela maioria dos seus pares partidários, sobretudo através das reações de alguns líderes da Europa de Leste. Perante o estado de coisas de ontem, que inverteu uma decisão sensata que já fizera o essencial do seu caminho (os três spitzenkandidaten nos postos de comando da Comissão e do Conselho, a saber Timmermans com Vertager a número dois na primeira e Weber no segundo), o desfecho de hoje será revelador: ou esta acaba por ser a solução imposta, assim derrotando os que por dentro tudo fazem para ir minando o edifício europeu, ou o impasse permanece e coloca nas mãos dos deputados ao Parlamento Europeu a decisão “democrática” de elegerem o seu presidente antes de todos os outros, caso este em que a esperança principal só pode provir da eventualidade de formação de uma maioria progressista que rompa o manifesto apodrecimento em presença. E assim vamos vivenciando quase em direto mais um episódio constitutivo destes prolongados tempos de risco europeu que imparavelmente se sucedem, tempos que nem por isso deixam de ser política e intelectualmente interessantes e desafiantes.
(Joep Bertrams, https://www.caglecartoons.com)
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