Consumou-se na manhã de ontem o previsível desaparecimento físico de Paulo Nunes de Almeida (PNA, no carinhoso acrónimo com que muitos o designavam), atualmente presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP) e do Conselho Fiscal do FC Porto, também ex-fundador da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE). À doença que tão brutalmente o atacou nos últimos anos resistiu corajosa e estoicamente, lutando contra ela sem tréguas e compensando quase obsessivamente os seus efeitos debilitantes com mais e mais trabalho. Conhecia-o há décadas, entre os anos iniciáticos da FEP e do BPA e os seus sucessivos envolvimentos empresariais e associativos (que também incluíram a ATP, a ACP e a CIP). Mas foi talvez nestes anos mais recentes que com ele mais frequentemente me cruzei e pude debater assuntos de interesse comum (da situação da economia aos fundos comunitários, dos problemas do nosso clube ao centralismo e à regionalização, entre outros). Exemplos da sua inexcedível postura foram os seguintes por mim testemunhados nestas semanas mais próximas do fim: uma tarde inteira, com intervenção apropriada, no Comité da Acompanhamento do Programa Operacional de Oliveira de Azeméis (ao que agora me dizem já em grande sofrimento), um telefonema a perguntar pela evolução de coisas que importavam para o que entendia ser a sua responsabilidade perante os associados da AEP, uma presença amável para me ouvir nas “Conversas na Bolsa” e uma resposta eficaz a um pedido que lhe fiz para que organizássemos uma reunião sobre o próximo período de programação a 15 do corrente. Senhor de um trato irrepreensível, tendencialmente britânico na forma, o Paulo era um homem atento, focado e organizado, parecendo-me também claro que era alguém amigo sem limites do seu amigo e um cidadão pautado por princípios e valores. Sendo inquestionável que só o somatório de muitas palavras conseguiria adequar-se a uma aproximação definidora do caráter e da presença do Paulo, arriscaria ainda assim a escolha de uma como estruturadora: dignidade!
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