(cartoons de Luis Grañena, https://www.lavanguardia.com e José Manuel Esteban, http://www.larazon.es)
Vista de fora, a situação política espanhola está feita num caco. Por um lado, os nossos vizinhos aqui do lado são bem mais violentos e rígidos do que nós; além de que possuem por acréscimo nacionalismos muito arreigados e combativos. Por outro lado, eles não só não têm tradição de negociação democrática (coligações, p.e.) como não tiveram ainda de se ver obrigados a experimentar soluções imaginativas e inimagináveis (tipo “geringonça”, p.e). O braço-de-ferro entre Sánchez e Iglesias é uma manifestação de tudo isso, independentemente de alguma falta de jeito do atual presidente do governo (imaginar que o “Podemos” o iria investir a custo zero é, no mínimo, ingenuidade) e de muita teimosia e ambição (de sobrevivência, também) do líder da esquerda mais radical, o certo é que não faz sentido permitir-se que a discussão da investidura acabe por assentar em exibições de vetos de nomes e lugares – porque sempre se poderia ter discretamente proposto uma lista governativa em que o “Podemos” ficasse excluído de algumas áreas mais ligadas à soberania do Estado e sempre se poderia ter tomado a iniciativa de apresentar a este partido uma constituição governativa completa e coerente, evitando que ele viesse reivindicar explicitamente o controlo de vários domínios governamentais (Assuntos Fiscais, Emprego, Indústria, Energia, Ciência e Igualdade); como sempre se poderia ter avançado frontal e diretamente para o 10 de novembro (novas eleições), assim assumindo um risco mas poupando os cidadãos à visibilidade de uma barganha pouco dignificante. Agora que o mal está feito, e que a primeira votação já foi negativa (embora com o “Podemos” a abster-se), resta esperar para ver quanto uns e outros vão ceder à última da hora para dar lugar a um governo de coligação que nasce necessariamente torto...
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