terça-feira, 23 de agosto de 2022

MITHÁ, VENTURA, CHEGA E A NORMALIZAÇÃO DESTE

(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)

 

Concordo muito frequentemente com os quase sempre excelentes editoriais de Manuel Carvalho no “Público”. Encontro hoje uma exceção que confirma tal regra no texto que intitula “A normalização do Chega”, provocado pela ontem anunciada demissão (ou afastamento?) de Gabriel Mithá Ribeiro da direção (vice-presidência) ou da chefia do gabinete de estudos do partido. Com efeito, não entendo minimamente que tenha chegado “a hora de se encarar a sua existência com normalidade”, antes considero que o fenómeno populista veio para ficar (veja-se o doentio caso da Itália) e tenderá até a ganhar expressões crescentemente rocambolescas e perigosas. Porque se é certo que estamos perante “um grupo de radicais”, já não o é tanto o facto de eles se entreterem “a repetir ideias gastas” (porque elas são apenas primárias e até estúpidas, não necessariamente gastas aos olhos de uma opinião pública impreparada e desligada) ou “a alimentar lutas intestinas” (porque não será essa a sua grande resultante, por muito que as ambições e as necessidades pessoais de afirmação também por lá abundem e imperem). De tudo o que ontem se soube, o único aspeto razoavelmente positivo, embora a confirmar, decorre da crescente dificuldade de Ventura em sair do seu isolamento e também das (de)limitações que parecem estar a ser impostas a um indivíduo mais racional e mais preparado (e potencialmente mais temível?) do que ele em termos de conteúdo político.


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