quarta-feira, 17 de agosto de 2022

BRASIL E AMÉRICA LATINA

(Laerte, http://folha.uol.com.br; Leandro Assis e Triscila Oliveira, http://folha.uol.com.br) 

Começou ontem a campanha eleitoral para as presidenciais brasileiras, com um algo requentado duelo entre um incumbente inenarrável (Jair Bolsonaro) e um favorito envelhecido e relativamente descredibilizado (Lula da Silva). Tudo indica, no entanto, que a disputa será mesmo entre os dois, já que o candidato que se lhes segue nas sondagens (Ciro Gomes, ele também um político bastante datado que se destaca no meio de um leque mais ou menos arrepiante de aspirantes, do pior que me lembro desde que acompanho a política do Brasil) se situa a larguíssima distância deles nas intenções de voto. A única “flor” veio, ainda assim, do lado de Lula ao ter conseguido candidatar a vice-presidente o social-democrata e ex-governador de São Paulo e candidato em eleições passadas Geraldo Alckmin (cujo contraponto será, após várias hesitações, o militarão e homem de confiança do presidente Walter Braga Netto).

 

Espera-se uma campanha cerrada e de casos (confrontacionais até que ponto?), mas espera-se também que a lógica do mal menor acabe por prevalecer em favor de Lula e do seu regresso mais ou menos arrependido; sobretudo graças, segundo que indicam também as pesquisas, aos mais jovens (52%), aos mais pobres (60% para os cidadãos com renda familiar de até 1 salário mínimo contra 46% para os de renda superior a 5 salários mínimos no caso dos apoiantes alternativos) e aos nordestinos (57%), com Bolsonaro a primar nos homens (37% contra 27% nas mulheres) e nos evangélicos (47%).



A ocorrer tudo conforme é vaticinado o Brasil juntar-se-á à vaga de regressos da esquerda latino-americana ao poder (ver infografia abaixo, a despeito do relativo simplismo classificativo que ela evidencia), já havendo até muito quem recupere prematuramente novos fatores de esperança, a despeito de “um bloco heterogéneo e frágil”; ao invés, outros analistas (e não me refiro apenas aos arautos da suposta neutralidade política dos mercados) tendem a temer significativamente (ou pelo menos ainda têm dúvidas em se pronunciar sobre) as mudanças recentes e em curso no Peru, no Chile e na Colômbia e hesitam em lê-las como positivas, ademais quando conjugadas com a lamentável situação da Argentina e a dita chegada potencial de Lula. Um tema que vai necessariamente ter de merecer aproximações mais cuidadas.



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