terça-feira, 2 de agosto de 2022

UMA IMAGEM PODEROSA

                                                                                 

(O Guardian dedicou-lhe a atenção merecida, sobretudo pelo significado que o Campeonato da Europa de futebol feminino assumiu no Reino Unido e não apenas porque a vitória sorriu precisamente aos ingleses, num jogo de final empolgante, não propriamente muito bem jogado, mas com um ritmo emocional de cortar a respiração. A equipa inglesa demonstrou uma maturidade notável e os seus elementos de maior notoriedade comunicacional, designadamente a sua capitã Leah Willianson, compreenderam exemplarmente a importância do evento para a irreversível afirmação da Mulher na sociedade inglesa …)

A imagem que o jornal escolheu para marcar o tom de uma outra interpretação do papel e da força do futebol correu mundo e representa o momento em que Chloe Kelly, autora do 2-1 que marcou definitivamente o resultado e a vitória inglesa, festeja o seu feito e dá largas efusivamente à sua alegria. Se se tratasse de um atleta masculino, o gesto de tirar a camisola para festejar um golo decisivo teria passado despercebido e daria lugar ao costumeiro cartão amarelo com que a infração é punida nas regras do jogo. No caso de Chloe Kelly, é impossível desligar a nossa interpretação do significado poderoso que aquele gesto significa e não está em causa qualquer aproveitamento malévolo do corpo de mulher.

Aquele gesto foi uma libertação, não apenas determinada pelo momento que permitiu a excelência da vitória, mas mais pelo que ele representa de afirmação da igualdade de direitos e de rejeição de todos os cânones de subordinação e desigualdade.

Uma grande imagem, um grande gesto ao nível de outras imagens icónicas que o futebol sempre nos ofereceu, jogado por homens ou por mulheres, não interessa.

Bravo Chloe, para lá da intuição e oportunidade de um golo, aquele gesto representou muito mais do que um gesto efusivo de comemoração de um golo que valeu um título.

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