sexta-feira, 12 de agosto de 2022

SINAIS INILUDÍVEIS DE UMA NOVA ERA

É já um lugar-comum o sublinhado de que a economia mundial atravessa um período de inflexão e mudança que a transporta para uma espécie de novo regime de crescimento ou, se preferirem, para uma era cujos parâmetros definidores se revelam largamente distintos dos que marcaram as décadas precedentes. Neste quadro, a(s) economia(s) europeia(s) surge(m) especialmente tocada(s) por tal conjugação (sobretudo negativa) de dimensões diferenciadas, designadamente porque nela(s) se concentra(m) vulnerabilidades de expressão ímpar a uma escala globalmente comparativa entre regiões desenvolvidas.

 

Limitando hoje o nosso foco à questão monetária e cambial ― a qual não deixa, porém e como é consabido, de ter implicações nada negligenciáveis sobre a esfera real da economia ―, veja-se no gráfico acima uma representação elucidativa do recente e assinalável regresso do adormecido fenómeno inflacionista, aspeto absolutamente decisivo para caraterizar o que será a configuração macroeconómica que irá prevalecer no próximo futuro (um futuro que, aliás, já aí está bem diante de nós). Abaixo, e complementarmente, registe-se a consequente perda de valor do euro para níveis nunca vistos em mais de duas décadas (o que não deixa de ter explicações alternativas, como as associadas à guerra na Ucrânia e à inerente valorização do dólar, e interpretações ambivalentes, ou seja, diversas consoante os países considerados e os domínios de análise selecionados, como sejam p.e. o da competitividade-preço versus o da competitividade estrutural), facto que acabou por conduzir a que os responsáveis do Banco Central Europeu cedessem finalmente, após uma obstinada resistência, no sentido de uma alteração da orientação da sua política monetária ao elevarem em julho passado, pela primeira vez em 11 anos, a fasquia tutelar que decorre da sua taxa de juro diretora.

 

Preços em alta, moeda em perda, juros em alta... Matéria(s) de bem maior complexidade do que tão simples evidências e que aqui abordaremos mais em detalhe, e com outro grau de sofisticação de tratamento, quando a silly season se for e as nossas cabeças puderem dar-se ao luxo de irem um pouco mais além.


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