segunda-feira, 1 de agosto de 2022

LEITURAS

                                                                             

                                                                                


(Um dos rituais deste andar por aí que as férias representam consiste ambiciosamente em colocar as leituras em dia, reduzindo a altura dos pequenos montes de livros que aguardam uma pequena atenção. Ambição excessiva porque os primeiros dias de prostração estilo lagarto adiam essa postura e muita coisa fica de novo à espera de melhores dias. Para já, comprometo-me com duas leituras que ambas de certo modo se inscrevem na minha vontade de conhecer de modo mais aprofundado um período da história relativamente recente, de 1870 à Grande Depressão de 1930. Compromisso que me parece viável não só porque a temperatura desceu consideravelmente cá por cima, mas também porque já as iniciei …)

As duas leituras que aparentemente radicam em campos diversos já têm alguns anos mas cheguei a elas por motivos diferentes, mas que na prática vão direitinhas aquele desejo de conhecer melhor esse período que vai do início da modernidade económica até ao pesadelo da Grande Depressão.

A obra de ADAM TOOZE, The Deluge – The Great War, America and the Remaking of the Global Order, 1916-1931 tem a marca inconfundível do historiador económico americano que ainda há bem pouco tempo esteve em Lisboa para abrilhantar a apresentação da obra da Fundação Francisco Manuel dos Santos, O Novo Normal aqui há dias referenciada. Um período que foi marcado por uma inequívoca dinâmica e modernidade económicas, pela Primeira Guerra Mundial, pela Revolução Bolchevique de 1917 e sua extensão para a Alemanha, pela ascensão do nazismo e pelo longo caminho para a Grande Depressão constitui uma acumulação infernal de acontecimentos para cuja explicação precisamos de gente lúcida e economicamente bem informada e também bem formada. Adam Tooze está nesse grupo. Aguardo a leitura com entusiasmo.

A história da chegada à outra leitura é diferente. A obra chama-se O Orientalista e foi inicialmente publicada no Reino Unido em 2005. Não consegui recuperar no mercado nenhuma versão em português, que existe, e lá tive que começar a ler em inglês o original de Tom Reiss. Pelo que já li e pelo que o Professor e historiador Vítor Teixeira tinha referido, O Orientalista é um livro fabuloso para compreender as incapacidades de compreensão mútua entre o Ocidente e o Oriente, tudo isto através da biografia e história de uma personalidade Lev Nussimbaum, ele próprio irremediavelmente preso entre os dois mundos, com começo de história em Baku. Grande parte da obra de Reiss acaba por coincidir com o tempo da obra de Tooze, já que Lev Nussimbaum ainda jovem acaba por ser contemporâneo e em fuga da revolução bolchevique e da ascensão do nazismo, trazendo-nos uma outra visão totalmente diferente desses acontecimentos e das suas repercussões na incompreensão entre o Ocidente e o Oriente.

Quando a ambição de leitura estiver concretizada haverá certamente tempo para a transformar em matéria de blogue.

Como diz alguém na televisão pública, Boas Leituras.


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