Hoje vota-se em Angola. E, de uma forma significativamente inédita, a disputa eleitoral existe mesmo, já que a coligação encabeçada pela UNITA de Adalberto da Costa Júnior (ACJ) se mostra mesmo capaz de morder os calcanhares ao MPLA de João Lourenço (JL).
De facto, o discurso de Adalberto da Costa Júnior (que está longe de ser consensual, pelas piores razões, no seio da UNITA) apresenta-se mais enérgico, inovador, moderado e influente do que o do incumbente, alguém que chegou a prometer bastante mais do que o que tem sido realmente capaz de entregar (não tanto por inépcia própria mas sobretudo por ser refém de uma máquina partidária poderosa e relativamente incontrolável).
Diz quem anda por Luanda por estes dias que se percebe no terreno que a vitória de Adalberto da Costa Júnior aconteceria certamente se fossem os mais jovens a escolher e/ou se uma larga abstenção não acabasse por vir perturbar as contas.
Ainda assim, alguns amigos bem informados sobre a realidade local sustentam que, apesar das restrições acima referidas, João Lourenço perderia se as eleições fossem verdadeiramente livres, o que juram não corresponder ao caso em apreço (até tendo em conta um indicador objetivo representado pela recusa das autoridades angolanas em aceitarem uma missão de observação eleitoral externa e independente da União Europeia).
Dentro de dias conheceremos os números finais do voto e, assim, um resultado que, mesmo que não venha a determinar uma mudança imediata (embora ainda possa surgir uma surpresa alternante...), apontará seguramente para uma mudança decisiva nas relações políticas de força internas ao país; e com ela sinalizará a inevitabilidade de novos tempos. Não sem que, entretanto, Angola e o povo angolano vão passando por maus bocados...
Sem comentários:
Enviar um comentário