Os espanhóis continuam incorrigíveis na sua permanente autovalorização nacionalista, desta vez atribuindo-se isoladamente um papel-chave na parcial resolução do problema do fornecimento de gás aos alemães (i.e., não invocando que Portugal também deverá fazer parte desse possível movimento) e, não contentes com isso, afirmando quanto o seu país assim terá necessariamente um papel decisivo no novo despertar europeu da Alemanha (que não apenas está por demonstrar em si mesmo – afinal o que representa realmente a Espanha no concerto europeu? – como também não parece próximo de se vir a produzir nas atuais condições germânicas de debilidade geoeconómica e de tímida liderança estratégica sob o comando de Scholz). Volto à minha: quando a asneira é livre e impera muita presunção e água benta...
Mais séria, pelas suas previsíveis implicações, é outra questão: a de uma evolução da situação política em Itália que vai entranhando a ideia de que a extrema-direita será poder nas eleições outonais que se aproximam, agora de par com um Partido Popular Europeu que – qual PSD de Rio e outros hesitantes em matéria de princípios – acaba de validar alegremente a presença da sua associada “Forza Italia” na coligação que Giorgia Meloni liderará. Assim, e enquanto as forças políticas democráticas se vão digladiando em divisões incompreensíveis face à conjuntura de perigosidade em presença, a extrema-direita passou o Verão a afinar calmamente razões e argumentos de aproximação e logo encomendou a Antonio Tajani que as selasse em Bruxelas junto do maior grupo político europeu (o PPE); a dar a cara pela lamentável decisão deste grupo esteve o seu presidente, sujeito que poderão não reconhecer na foto abaixo devido ao seu novo look mas que é nem mais nem menos do que o alemão que tanto maltratou Portugal em tempos de Troika, Manfred Weber. Donde se conclui que essa tão discutida história das “linhas vermelhas” ou dos “cordões sanitários” também não parece encontrar a devida cobertura nesta nossa Europa Ocidental que tanto sofreu para que fossem finalmente afirmados os valores democráticos...
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