quinta-feira, 1 de setembro de 2022

CORRENDO ATRÁS

(Felipe Hernández, “Caín”, http://www.larazon.es)

(Felipe Hernández, “Caín”, http://www.larazon.es) 

Neste primeiro de setembro estou de regresso ao “pica-boi”, que insistentemente continuo a permitir que me persiga (embora agora de modo menos exigente e pesado do que já sucedeu). Abstraindo de alguns retardatários que ainda aproveitam a ausência de aulas, as vindimas ou simplesmente a quebra dos calores para gozar as suas férias, a maioria do todo nacional também recomeça hoje e assim sinaliza simbolicamente o início de um novo ano laboral, que antecipo duro e frustrante para os portugueses (a vida não vai ser nada fácil nos próximos meses e anos... ― oscilando e derrapando entre pobreza e miserabilismo, como sugere o cartunista?). Dou por mim a pensar nas responsabilidades assacáveis ao facto, no fundo múltiplas e coletivamente bem divididas, sempre na esperança de que algum sobressalto cívico se produza para nos ajudar a colocar o País nos carris, o que infelizmente não parece estar ao virar da esquina. Foco-me, depois, em quem nos governa e na inédita e inacreditável sucessão de pequenos incidentes autodestrutivos e descredibilizantes que têm marcado uma governação que já leva sete anos para assim ser levado a rever-me no sarcástico desabafo do cartunista que recorda positivamente os tempos em que o governo apenas mentia o imprescindível. Com efeito, o que marca a postura de boa parte das e dos personagens que vão sendo empossados é o seu esforço dominantemente orientado para um crescente rechaçar de responsabilidades de cima dos respetivos ombros, seja por imperativos de vaidade pessoal, por determinantes de falta de competência ou absoluta ignorância, por obediência cega ou por uma cínica e deplorável sujeição ao conformismo ou às manhas da preguiça, isto dispensando desta constatação analítica os defensores de interesses e seus dependentes mais ou menos aditivamente condicionados. Por tudo isto, que mina e corrói os alicerces fundacionais em que uma vida coletiva sadia deve assentar, apelo daqui à introspeção sincera de cada um no sentido de que algo possa mudar sem que tudo vá ficando na mesma ― um voto seguramente piedoso e talvez até pueril mas ele é tudo o que me resta!

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