Dava eu a minha habitual volta matinal, desta vez ali pela Luís de Camões em Alcântara, quando me deparei com um bem dimensionado cartaz do PCP em local visível que rezava como se pode ler acima. O conteúdo impressionou-me, não tanto por ele ser significativamente diverso de outros com a mesma origem mas pela mais clara consciencialização que dele retirei quanto ao crescente pendor populista que atinge os comunistas, ainda que a coberto de uma linha ideológica enraizada e alegadamente justa.
Porque, de facto, quem fala assim não é gago e vai de aumentar salários e pensões, fixar preços, garantir serviços públicos e salvar o SNS, pois então! Falta saber como e com que meios nas incontornáveis condições e no estrito contexto em que o País vive, coisa de somenos para quem funciona em círculos fechados passíveis de serem suficientemente alimentados com umas no cravo e outras na ferradura, i.e., tanto se apresentando como solução milagrosa uma “política patriótica e de esquerda” (o que quer que isso queira significar em concreto) como se agitando as velhas críticas à exploração e ao grande capital. Estamos, afinal, perante um partido sempre atordoado perante a necessidade de conciliar o inconciliável, a sua fundadora tradição contestatária do sistema, por um lado, e a exigência que se lhe impõe de ir dando respostas supostamente consentâneas com a normalização democrática que obteve e vai conseguindo cumprir sem grande convicção, por outro ― um partido que assim vai lutando todos os dias, garbosamente diga-se, contra a irrelevância que lhe estará destinada.
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