terça-feira, 27 de setembro de 2022

L’ ITALIA VA A DESTRA


Tudo correu mais ou menos de acordo com as expectativas no dia eleitoral italiano que conduziu a extrema-direita ao poder após 80 anos de ausência mussoliniana (os registos históricos, inevitáveis, ficam mais abaixo, em jornais, em cartazes e em cartunes). Uma vitória claríssima e dotada de algumas particularidades, como é designadamente o caso da enorme diferença que separa a aceitação popular da principal vencedora Giorgia Meloni dos seus parceiros Salvini e Berlusconi (algo que ninguém, em consciência, saberá dizer antecipadamente se releva do foro positivo ou negativo).


O que sabemos, isso sim, é que o facto tem tudo para se tornar numa espécie de game changer no contexto político europeu, consagrando finalmente, e após várias ameaças falhadas, uma influência marcante e representativa do ultraconservadorismo nacionalista nas grandes decisões do “Clube” (subsistem necessariamente algumas dúvidas quanto ao modo soft ou hard como o novo governo assumirá esse seu papel).


Fica de pé também a questão, verdadeiramente apaixonante do ponto de vista analítico (embora altamente preocupante do ponto de vista da realidade política), de saber como vai o todo e cada um dentro dele (com destaque para as especiais responsabilidades que recaem sobre os ombros de Olaf Scholz e Emmanuel Macron, assim como sobre os diretórios dos grandes partidos políticos europeus, entre o tendencial colaboracionismo do PPE, o amorfismo demissionista do PSE e a agitação pouco consequente do RENEW) lidar com uma tão brutal e desafiante mudança; sendo certo que disso dependerá largamente muito do que o futuro próximo nos reserva em termos de estabilidade e até de sobrevivência.


(Alessio Atrei, https://cartoonmovement.com)



(cartoons de Agustin Sciammarella, http://elpais.com)

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