sexta-feira, 30 de setembro de 2022

UMA NOTA SOBRE O ESTADO DA EDUCAÇÃO NO MUNDO

(Anne Dèrenne, https://en.unesco.org) 

Acabo o mês com um alerta não especialmente original, para o que recorro a um texto importante do “Financial Times” sobre o estado da educação no mundo e ponho em evidência a consabida permanência de profundas desigualdades neste nosso mundo. No caso, com respeito a um tópico cuja importância simbólica é absolutamente central para que se perspetivem mais ou menos risonhas expectativas de futuro.

 

Os gráficos que escolhi (ver abaixo) são claramente falantes e dizem o essencial: (i) o primeiro mostra que a percentagem de alunos que completam o ensino secundário, apesar de revelar um notório e generalizado crescimento nas décadas recentes, permanece incrivelmente modesta nos chamados “países de rendimento baixo” (com a média a ainda se situar em torno dos 30%, bem longe das metas de desenvolvimento sustentável das instituições internacionais de desenvolvimento); (ii) o segundo mostra que os significativos esforços que têm sido levados a cabo no sentido de aumentar a frequência escolar das crianças não são suficientemente acompanhados por melhorias na aprendizagem (sobretudo literacia básica em crianças de 10 anos); (iii) o terceiro aprofunda o anterior ao explicitar as gritantes diferenças existentes entre os países das várias regiões do mundo nessa mesma matéria, com a Zâmbia, o Laos e o Iémen a surgirem como os “campeões” de uma chocantemente disseminada learning poverty, a qual também se observa em graus sucessivamente menores em muitas outras realidades; de sublinhar, ainda, que, enquanto a China já conseguiu descer a incidência do fenómeno para 18% (ainda bem longe dos asiáticos mais bem colocados ― Singapura, Japão e Coreia do Sul ―, da maioria dos países europeus, incluindo Portugal, e dos EUA e Canadá), a África do Sul, a Índia e o Brasil destacam-se no seio dos emergentes mais notáveis com valores entre 47% e 79%.

 

Embora sem nada que surpreenda especialmente, os dados em presença dão que pensar para além de quaisquer romantismos ou lirismos. Todos diferentes, todos iguais?


(a partir de https://www.ft.com)

Sem comentários:

Enviar um comentário