segunda-feira, 5 de setembro de 2022

MICHEL E URSULA, UM CASO DE BFF

A ridícula rivalidade (à falta de melhor designação) entre os dois presidentes europeus, Charles Michel (Conselho) e Ursula van der Leyen (Comissão), é um dado destes anos bruxelenses. Que teve o seu momento alto (ou baixo, consoante a perspetiva) naquele incidente de Istambul em que a senhora ficou de pé por ausência de cadeira enquanto os cavalheiros dispuseram de cadeiras para alaparem os respetivos traseiros sem que Michel tenha sequer esboçado qualquer desconforto perante a situação. Mas o mau relacionamento entre os dois, assumido ou disfarçado, tem conhecido outros e variados episódios e não parece suscetível de qualquer correção de trajetória, sendo que a última manifestação visível do facto em causa esteve numa recente entrevista de Michel em que este, reagindo a declarações de Ursula sobre a necessidade de poupanças energéticas na Europa no próximo Inverno, se mostrou muito crítico em relação à Comissão (chegando mesmo a referir que a UE está a por em jogo a sua própria credibilidade) por esta não ter intervindo atempadamente no mercado elétrico por forma a conter a evolução dos preços da energia. O tema apresenta contornos de alguma menoridade, quer pelo excesso de voluntarismo bem-intencionado mas algo politiqueiro que Ursula não cessa de exibir quer pelo indisfarçável mix de ambição e mediocridade que invariavelmente provem de Michel, embora não deixe por isso de ter a sua relevância por revelar uma indesejável e insuportável divisão no topo da hierarquia comunitária. António Costa será um dos dirigentes políticos europeus mais atentos à(s) circunstância(s)...


(Nicolas Vadot, http://www.levif.be)

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