sexta-feira, 2 de setembro de 2022

DOZE POR 837 MILHÕES

Fechou ontem o essencial do chamado mercado de transferências. Como crescentemente acontece, com a observação de verdadeiras loucuras, quer nos números quer nas diversas tipologias de negócios que vão sendo criativamente inventadas. Tive curiosidade e fui ver com algum cuidado as longas listas do que foi feito e, a partir delas, construi mesmo a infografia acima que assinala a dúzia das contratações mais caras deste defeso (nove das quais protagonizadas por clubes compradores competindo na Premier League), totalizando as mesmas o astronómico valor referenciado no título deste post. Excetuando o caso especial de Casemiro, trata-se de jogadores bastante jovens (com idade máxima de 25 anos) e há uma predominância de avançados (seguidos por defesas centrais e médios defensivos); nos compradores, sobressaem os “tubarões” (e, em especial, os chamados clubes-Estado”, com destaque para os cinco caros reforços do Manchester United e do Paris Saint-Germain), enquanto nos vendedores sobressaem alguns outsiders menores que assim terão financiado parte do seu orçamento (Ajax à frente, mas também os ingleses Leicester, Brighton, Everton e Leeds, o Borussia de Dortmund, o Monaco, a Real Sociedad e o Benfica).

 

Enfim, as curiosidades muito desconexas que aponto contrastam com a realidade que nos envolve, apesar das movimentações de um Benfica que, além de andar a vender bem (o que já vem de João Félix e agora se repetiu com Darwin e não só), se fartou de comprar sob múltiplas formas e feitios (incluindo, além dos excelentes Enzo Fernández e David Neres, o lesionado João Víctor, o estranho Aursnes, o emprestado Draxler, sem falar de Bah, de Musa, do regressado Florentino e da curiosa descoberta de última hora John Brooks; e ainda faltou convencerem Salvador a libertar Ricardo Horta...) e a ponto de fazer temer pelo risco de atropelamentos no plantel. Já o Sporting, que até parecia estar a controlar equilibradamente a situação, foi tomado pelo entusiasmo (ou pela premência?) no encaixe de vil metal, acabando com um saldo aparentemente débil em termos de qualidade desportiva comparada (no tempo e no espaço). Por fim, o FC Porto, após ter despendido 20 milhões para contratar o português David Carmo e mais uns trocos em promessas duvidosas, acabou o dia de fecho a ir desinquietar um guarda-redes brasileiro a Portimão (imagem abaixo) para efeitos que só eventualmente se virão a conhecer se um conjunto de astros se vierem a colocar em posições relativas propícias. Vaticino uma época sem grande história futebolística cá pelo nosso pobrezinho (gloriosamente descontados os novos-ricos, olé olé!) mas “lindo torrão lusitano”.


(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)

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