Este post corresponde a mais um registo solidário do que a uma análise dos factos e seu enquadramento justificativo. Refiro-me à simbólica morte de Mahsa Amini, uma jovem curda de 22 anos espancada pela “polícia da moralidade” em Teerão após uma detenção decorrente da sua indevida utilização do hijab (o lenço islâmico que passou a ser obrigatório para as mulheres desde a revolução de 1979), i.e., sem esconder totalmente os cabelos.
Sabia-se que a “polícia da moralidade” (encarregada de acompanhar todas as esferas da vida social, e até privada, dos cidadãos) estava a recrudescer em controlo e repressão, abordando, humilhando e agredindo um número crescente de mulheres nas ruas. E percebia-se que, de algum modo, a tensão social podia explodir.
Como escreveu Andreia Sanches no seu editorial do “Público”, “a morte de Amini foi a gota de água” que conduziu a violentas manifestações de protesto em mais de cinquenta cidades iranianas (já saldadas num número indeterminado de mortes, de algumas dezenas de pessoas pelo menos), não sendo de excluir as suas potenciais implicações políticas sobre o regime do ayatollah Ali Khamenei (que é crescentemente encarado como esgotado, seja por razões económicas ― o empobrecimento é gritante ― seja por razões políticas ― a violação dos princípios democráticos e dos direitos humanos são, a todos os níveis, indesmentíveis). Mas há também que sublinhar as manifestações individuais ou de grupos de mulheres, bem visíveis nas redes sociais através de corajosas mostras de cortes dos cabelos e queimas de hijabs.
Termino subscrevendo por inteiro a chamada de atenção deixada por Andreia Sanches: “Não é a primeira vez que as mulheres lutam pelos seus direitos no Irão e se tornam símbolos da revolta. Também não é a primeira vez que a revolta é esmagada com sangue. Por isso, nestes dias marcados pela guerra na Europa e as loucas ameaças de Putin é essencial que a comunidade internacional mantenha a atenção sobre o que vai acontecer nas ruas do Irão.” Nessa linha, as
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