A designação escolhida (“Famílias Primeiro”), completamente dominada pelas cada vez mais imbecilizantes determinações do marketing (frequentemente bem mais foleiras do que eficazes, bem mais do foro do anúncio propagandístico do que do posicionamento político sério), começa logo por tender a prejudicar uma apreciação consentânea das dimensões eventualmente justas e/ou bem-intencionadas almejadas pelo pacote de oito medidas ontem apresentado por António Costa.
Depois, há que considerar os sempre relevantes detalhes de forma, que pessoalmente vi como segue: a apresentação do primeiro-ministro foi o que tinha de ser, a despeito da atitude desagradável e algo arrogante (ou farta?) que crescentemente exibe; as críticas das oposições pecaram por excesso, pesem embora algumas razões que lhes assistem relativamente ao que designaram por truques e fraudes; o comentário do comentador Marcelo, sempre à procura do seu momento pessoal e de colagens forçadas e amiúde risíveis aos factos e respetiva sucessão, também não ajudou a que o tema pudesse adquirir a dignidade que em todo o caso a sua real substância deveria justificar.
Ficam por referir a opção em si mesma e o seu conteúdo concreto. Dado que o meu colega do lado se confessou em plena elaboração no tocante a estas matérias, contenho-me deliberadamente na sua explanação, não sem deixar meramente enunciadas as minhas dúvidas quanto ao efetivo impacto anti-inflacionista destes apoios, ao racional de sentido associado a estes pacotes, às escolhas rígidas e preguiçosas que os marcam, às razões pelas quais a política fiscal começa a tornar-se um tabu lusitano e às vantagens de com eles se fazer política autêntica e não politiquice barata. Temas que irei revisitando, tanto quanto assim se possa justificar.
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