terça-feira, 20 de setembro de 2022

A ÍNDIA A COMER AS PAPAS NA CABEÇA DOS BRITÂNICOS

(Sajith Kumar, https://www.deccanherald.com) 

Foi Paulo Portas no seu comentário de Domingo na TVI que me chamou a atenção para o facto, informação que hoje repetiu numa interessante conferência que produziu na Fundação Ilídio Pinho: 2022 será o ano em que se concretizará a ultrapassagem da ex-potência colonial Reino Unido pela sua ex-colónia Índia no quinto lugar do ranking das maiores economias do mundo. Caso para dizer que o mundo dá muitas voltas... e que, embora podendo haver demoras e compassos de espera, o que tem de ser tem muita força.

 

Fui confirmar por mero descargo de consciência, começando por o fazer a partir dos 15 estados da Commonwealth cuja chefia cabe ao monarca inglês, sendo que desses só verdadeiramente quatro têm expressão saliente (a Nova Zelândia que me perdoe mas, na verdade, representa apenas 2,3% do conjunto dos 15, cabendo ainda uns residuais 0,6% aos demais seis países). E o fact checking resultou pela positiva, já que em 2022 o valor do PIB estimado para a Índia será de 3,53 biliões de dólares contra 3,38 biliões para o Reino Unido, isto após uma evolução temporal marcada por um ganho relativo paulatino e com especial expressão desde o início do presente século (de notar que, há quarenta anos, a Índia apenas valia 15,4% do potencial produtivo dos 4 por contraste com os 49% do Reino Unido e os 22,4% do Canadá, tendo mais que duplicado esse peso para os atuais 32,5% por contraste com os 31% do Reino Unido, 20,4% de um Canadá em ligeira perda e 16,1% de uma Austrália em ligeira ascensão).


(Cálculos próprios a partir de dados do World Economic Outlook Database, April 2022, em https://www.imf.org)
 

Como estava com a mão na massa, decidi-me a atualizar informações já aqui prestadas sobre o potencial produtivo comparado no contexto mundial dos 186 países incluídos na base de dados do FMI. No que concerne à Índia, temos então a sua chegada a um quinto lugar vinda de um 13º há quarenta anos e de um 10º há dez. Focando de passagem outros elementos curiosos, é de realçar o peso do Sudeste Asiático, com a China estabilizada na segunda posição (era 11ª há trinta anos), a Coreia do Sul em 12º (era 27ª há quarenta anos), a Indonésia em 17º (era 26ª há vinte anos) e mais seis países no top-40 (Taiwan, Tailândia, Malásia, Singapura, Filipinas, Vietname); saliência ainda para a presença no top-20 de três grandes emergentes (Brasil, Rússia e México), dois grandes produtores de petróleo (Irão e Arábia Saudita) e sete países do continente europeu (há trinta ou quarenta anos eram nove e em posições genericamente mais subidas na tabela). Com Portugal a melhorar na década de 80 e a cair depois, atingindo em 2022 o redondo e não especialmente honroso lugar 50 na hierarquia dos países à escala mundial.


(Cálculos próprios a partir de dados do World Economic Outlook Database, April 2022, em https://www.imf.org)
 

Fica assim devidamente comprovado o registo da chegada da Índia ao top-5 do mundo. Demonstrando uma realidade cada vez mais patente na economia mundial de hoje, a de um dinamismo amplamente proveniente dos dois gigantes, o chinês e o indiano. Se não fossem as suas rivalidades profundas e mal assimiladas, estaríamos em condições de concluir com grande probabilidade pelo vigor da sua dominação no futuro próximo; e não obstante...


(Claudio Muñoz, https://www.economist.com)

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