Pouco para atualizar quanto à evolução das perspetivas eleitorais no Brasil, um país dividido e forçado a optar entre dois radicalismos que alguns caraterizam como a direita da direita e a esquerda da esquerda. Há dias, ouvi alguém afirmar que não seria capaz de votar neste Brasil, o que compreendo sem concordar. Porque, tudo visto e ponderado, ainda há uma diferença entre um golpismo descaradamente dubitativo quanto à expressão da democracia e assente na esperança de um último recurso ao poder militar, para além de capturado por seitas evangélicas e da indigência cultural que marca o protagonista e da sua responsabilidade objetiva na tragédia do Covid 19 (segundo país do mundo com mais mortes), e uma aposta em ideologias passadistas (com inúmeros toques retrógrados, como o de alguma tolerância em relação ao caráter criminoso de Putin ou o de alinhamentos latino-americanos nada recomendáveis) acrescida de responsabilidades objetivas (porque, no mínimo, permissivas) na deriva pela corrupção que marcou o Brasil dos anos PT e o conduziu ao descrédito junto de largas franjas da população. Acreditando que um dia o Brasil enfileirará na normalidade e encontrará um condigno sucessor de Fernando Henrique Cardoso (que já saiu há vinte anos!), entendo que desta vez ainda será útil votar por Lula contra a tacanhez, a bestialidade e a real ameaça de Bolsonaro e de tudo quanto ele representa.
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