quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

AINDA É TEMPO DE NEOLOGISMOS?


Excelente caixa, a do “Jornal de Negócios” de hoje. Apesar do conteúdo – que apenas vem comprovar muito do que tenho vindo a sugerir ser a dimensão do “cu de boi” em que estamos metidos...
 
Feito este modesto “registo de interesses”, quero por ora passar ao lado da análise substantiva do assunto e abstrair mesmo do comportamento pusilânime do Governo. Recolho-me, assim, nesse túnel de que se não vislumbra qualquer luz e que o adjetivo “entroikado” – escolhido em votação organizada pela “Porto Editora” como a palavra que melhor representou o ano findo, à frente de desemprego, solidariedade, manifestação ou cortes – tão onomatopaicamente elucida quanto a um sentimento generalizado que se vive em Portugal: “obrigado a viver sob as condições impostas pela troika ou, coloquialmente, “que está numa situação difícil, tramado, lixado".
 
Mas a coisa está de tal modo negra e desestruturada que aquela nova palavra criada parece já pecar por manifesta insuficiência. Valha-nos a mundialização que nos envolve para uma legitimação de um recurso à língua global, um recurso que acrescenta: porque a palavra inglesa do ano, eleita pelo prestigiado “Oxford English Dictionary”, foi a buzz word “omnishambles”, ou seja, uma composição de omni (do latim "tudo", "todos") com shambles (que significa “desordem completa”, “caos total”)...



Estaremos aqui perante um extraordinário e “omnishambólico” desafio para os linguistas enfrentarem durante 2013 ou, mais a sério, muito perto de uma incontornável hora de verdade? 

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