Excelente caixa, a do “Jornal de Negócios” de hoje. Apesar do
conteúdo – que apenas vem comprovar muito do que tenho vindo a sugerir ser a
dimensão do “cu de boi” em que estamos metidos...
Feito este modesto “registo de interesses”, quero por ora passar ao
lado da análise substantiva do assunto e abstrair mesmo do comportamento
pusilânime do Governo. Recolho-me, assim, nesse túnel de que se não vislumbra
qualquer luz e que o adjetivo “entroikado” – escolhido em votação organizada pela
“Porto Editora” como a palavra que melhor representou o ano findo, à frente
de desemprego, solidariedade, manifestação ou cortes – tão onomatopaicamente
elucida quanto a um sentimento generalizado que se vive em Portugal: “obrigado
a viver sob as condições impostas pela troika” ou, coloquialmente, “que está numa
situação difícil, tramado, lixado".
Mas a coisa está de tal modo negra e desestruturada que aquela nova
palavra criada parece já pecar por manifesta insuficiência. Valha-nos a mundialização
que nos envolve para uma legitimação de um recurso à língua global, um recurso que
acrescenta: porque a palavra inglesa do ano, eleita pelo prestigiado “Oxford English Dictionary”, foi a buzz word “omnishambles”, ou seja, uma
composição de omni (do latim "tudo", "todos") com
shambles (que significa “desordem completa”, “caos total”)...
Estaremos aqui perante um extraordinário
e “omnishambólico” desafio para os linguistas enfrentarem durante 2013 ou, mais a sério, muito
perto de uma incontornável hora de verdade?
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