segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O FESTIM E A AMBIÇÃO DE MENESES


O período de antecâmara das eleições autárquicas no Porto promete. A maioria parece definitivamente partida entre duas candidaturas, uma que é certa e está no terreno (a de Luís Filipe Meneses), outra ainda em gestação ou simplesmente a marinar para uma falsa partida (a de Rui Moreira). À esquerda, a interrogação será sempre a de saber se a candidatura de Pizarro poderá federar uma frente ampla com capacidade de governação local ou se, pelo contrário, persistirá a divisão tradicional.
Pelo eco que teve nos jornais, principalmente o JN, a apresentação formal da candidatura de LFM não pode ser considerado um acontecimento inócuo. Nele distingo duas dimensões: o leque dos apoios e as ideias programáticas.
Quanto ao leque dos apoios, os nomes dos mandatários Joaquim Azevedo e Rui Massena e de algumas personalidades reconhecidas no evento antecipam sobretudo a dança da divisão entre as personalidades próximas da maioria governamental, tendo sobretudo em conta as “cabeças ditas pensantes” que parecem estar a suportar a candidatura de Rui Moreira. Não será indiferente a questão de saber o estado da maioria governamental na altura em que o confronto das candidaturas atingir o seu clímax. Não está fora das cogitações possíveis esse confronto acontecer em período de forte desestruturação da mesma maioria. E se isso acontecer vamos ter cenários imprevisíveis.
Quanto às ideias programáticas, a ambição de LFM, suportada pelo seu populismo de obra, corre o sério risco de se transformar num programa “fora de tempo”. Dificilmente, qualquer um dos candidatos disporá de condições de afirmação de populismos desta natureza. A escala da ambição de LFM parece não ter limites. A fusão Porto-Gaia é daquelas ideias que se avança para manter a escala da ambição, mas sobre a qual o seu próprio mentor tem reservas que obviamente não explicita. Os próximos tempos não vão estar de feição para a ambição de LFM. Será que o eleitorado do Porto vai ser sensível a esta ambição fora do tempo? Será que a população comum vai no contexto atual esquecer a penosidade imposta pela atual maioria, independentemente de ser do Porto ou de Lisboa, a troco de um sonho de grandeza?
Morro de curiosidade para saber se os restantes candidatos vão morder o isco da ambição de LFM!

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