quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

DE ABISMO EM ABISMO …



As festividades de passagem de ano, designadamente a sempre impressionante concentração de Times Square em Nova Iorque, coincidiram este ano com uma das mais violentas negociações entre democratas e republicanos de que há memória. Largamente influenciada pelo facto da economia americana não estar longe de atingir o limite legal de endividamento a que os governos americanos estão sujeitos (algo que vem dos tempos da 1ª guerra mundial), a negociação era nessas condições bastante desfavorável para a parte que assume a governação, agravada pela superioridade republicana no Congresso.
De abismo em abismo … até ao precipício final poderia ser uma máxima que os mais pessimistas poderiam assumir reportando-se aos resultados da negociação. O prenúncio de que a governação de Obama no seu segundo mandato poderia ser penosa dados os compromissos que terá de assumir para vencer a inflexível ideologia republicana teve na negociação alguma confirmação. É verdade que será injusto classificar o resultado da negociação como uma derrota para Obama. Mas não terá ganho o que se havia proposto. A complexidade da negociação aconselha alguma cautela na avaliação dos seus resultados. Pelo que se depreende da multiplicidade de interpretações que estes resultados suscitaram, Obama parece ter conseguido apenas uma receita resultante de 600.000 milhões de dólares de deduções fiscais retiradas aos estratos de rendimento mais elevados (suspendendo os célebres cortes fiscais de Bush) e não os 800.000 milhões que havia fixado como meta. Essa quebra de receita (que a aritmética macroeconómica de Krugman estima em 0,1% do PIB americano) parece ter sido a contrapartida aceite por Obama para, pelo menos, adiar os cortes de alguns benefícios sociais, por exemplo na segurança social ou no Medicare.
O primeiro abismo parece ter sido evitado. Um segundo poderá emergir numa nova ronda negocial. Esperemos que a capacidade de negociação de Obama esteja no seu melhor para evitar que a inflexibilidade republicana antecipe o precipício final.

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