terça-feira, 22 de janeiro de 2013

BRASIL A DESPENCAR

(Ingram Pinn, http://www.ft.com)


Começam a multiplicar-se os sinais de algumas perturbações a afetarem o comportamento económico e social dos países que mais e melhor vinham simbolizando a emergência de novas realidades competitivas na economia mundial, os chamados BRIC’s (Brasil, Rússia, Índia e China).

Mas é no chamado “país irmão” que as evidências parecem mais operantes – vejam-se, por exemplo, os gráficos recentemente apresentados a propósito pelo “Financial Times”, revelando o Brasil como o único dos quatro países com quebra de produtividade relativa no primeiro decénio do século, como aquele cuja taxa de investimento é persistentemente mais baixa e também como aquele cuja taxa de crescimento tem vindo a ser continuadamente menor.

Não irei ao ponto de considerar que o Brasil tem um enorme problema de crescimento económico – seria, no mínimo, ridículo vindo deste velho continente em recessão e deste nosso protetorado em atrofia. Mas o certo é que o otimismo de tempos não muito distantes (veja-se aquela capa “Brazil takes off” de um “The Economist” de 2009 com o Cristo Redentor a descolar como um foguetão) já não é de todo o mesmo que era.


E já há muito boa gente a sugerir a Dilma uma rápida remodelação na sua equipa económica sob pena de uma derrota presidencial em 2014! Uns sublinham “o DNA autoritário e anti lucro do governo”, ilustrando-o com o retorno de múltiplas manifestações protecionistas, com excessos de intervencionismo observados na política monetária e cambial ou com políticas energéticas empresarialmente contranatura. Outros apontam preferencialmente os défices de confiança com que os investidores não podem cessar de encarar um país onde as conveniências políticas e os escândalos de corrupção continuam a ocupar o primeiro plano noticioso.

De um ou de outro modo, o ministro Guido Mantega (desde 2006) parece hoje próximo de ter atingido o esgotamento político – prever 6% de crescimento e lograr apenas 2% (2011) e insistir em prever 4% para só conseguir 1% (2012) é cada vez mais incompreensível e revela um desempenho demasiado medíocre. Não obstante, começa a crescer em mim a intuição de que, num país em que a dimensão política persiste em não deixar de ser sobre dominante, o problema maior poderá estar do lado da liderança.

A ser assim, a presidente será o maior de todos os elos fracos. Nascida de origem búlgara e crescida no jogo de bastidores, Dilma não só é uma cidadã brasileira atípica na sua frieza como não tem os atributos de competência que fizeram a autoridade de FHC nem os dotes de carisma e “feeling” político de Lula. Com Aécio à espreita, e o PT em crescente sofrimento de imagem, será ainda razoável admitir-se que Dilma é favorita para uma reeleição?

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