Neste sábado climaticamente atribulado em que regresso ao
velho ASUS enquanto o PORTÉGÉ recupera do “crash”,
a ideia central que emerge da minha reflexão é a de um país suspenso. E as razões
desta suspensão estão sobretudo no pecado original da abordagem ao problema da
crise da dívida soberana ter sido concebida dissociadamente de uma abordagem
estrutural aos problemas também estruturais subjacentes ao agravamento dos défices
gémeos da economia portuguesa: défice externo e défice das contas públicas.
O problema está criado pelo pecado original da abordagem
e muito dificilmente essa penalização pode ser evitada. Os custos dessa má
formação congénita que a população portuguesa já suportou e que irá suportar em
2013 serão irreversíveis, sobretudo pelas repercussões que irão determinar em
matéria de arranque da economia portuguesa para um novo ciclo de crescimento.
E a ideia de que estamos suspensos agrava-se com a sensação
que os recursos políticos para uma reviravolta são escassos, muito escassos
mesmo. A entrevista de Jorge Sampaio ao Expresso mostra, por contraponto, que o
equilíbrio, a serenidade, a inteligência e a cultura política são hoje um
recurso escasso no grupo dos que podem contribuir para uma solução. A crispação
hoje existente, iniciada sobretudo após a saída de cena de António Guterres, é
diretamente proporcional ao vazio de ideias.
No plano da governação possível, estaremos suspensos
entre a dança dos cortes promovidos pelo PSD, concebidos no seu laboratório de
estado mínimo e o que sairá do Laboratório de Ideias do PS. Oxalá me engane,
mas perante esse confronto provavelmente vai mesmo ser necessário ficar
suspenso no tempo, por algum tempo.
Entretanto, o voluntarismo de Filipe Meneses
apresentou-se em festa. Algumas imagens do evento suscitariam desde já alguns
comentários. O estilo do homem parece ter convencido algumas personalidades da
praça. Mas resisto. Vale a pena esperar para perceber a dimensão dos apoios.
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