O resultado positivo (de procura e de taxa de juro) da
ida ao mercado para uma maturidade de médio prazo vai dar alguma folga à
maioria e escrevo-o antes de poder analisar a execução orçamental de Dezembro
de 2012. Não vou entrar na querela de saber se o resultado tem origem na
aplicação do memorando ou, pelo contrário, essencialmente na ação
estabilizadora do BCE, inclinando-me mais para aceitar a maior importância
relativa da segunda hipótese.
Mas, ao contrário do aproveitamento de curto prazo que o
governo fará inevitavelmente deste resultado, o aliviamento dos mercados da dívida
é, na minha interpretação, um pau de dois bicos. Com tal alívio, o governo
começa a perder condições de encenação para ignorar a necessidade de começar a
produzir outros resultados, ou seja a resposta aos problemas efetivamente
estruturais que ampliaram a incidência da crise das dívidas soberanas na
economia portuguesa. Ganha a curto prazo com o passe de mágica da mudança de
objetivos a meio do percurso. Mas o jogo continua. Os problemas continuam lá. E
a resposta a esses problemas não vai lá com passes de mágica.
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