Enquanto que por cá a maioria, melhor dizendo mais a
dupla Coelho – Gaspar, se esforça para num passo de mágica mudar de objetivos
(recentrando com batota o jogo no regresso aos mercados), o mês de Janeiro tem
sido pródigo em correções de trajetória de política económica e monetária.
Primeiro, foi o reconhecimento do Banco Central do Japão
e do governo japonês de que era crucial para a economia japonesa quebrar o círculo
vicioso deflacionário que a caracteriza de novo, depois de na década de 90 ter
antecipado claramente o que são os perigos da chamada armadilha na liquidez,
gerada pela proximidade das taxas de juro em torno do valor zero. O Japão
parece finalmente convencido que é preferível uma inflação moderada a um clima
deflacionário com perspetivas de autoperpetuação.
Mais recentemente, foi a advertência do ainda Governador do Banco de Inglaterra sugerindo que o governo de Cameron-Osborne deveria fazer
muito mais para superar a deflação e reanimar de uma vez por todas a muito
lenta recuperação da economia britânica. O Financial Times noticia uma aparente
revolta do governo inglês contra as pretensões de Osborne de concretizar mais
um corte orçamental generalizado a todos os ministérios. E o que é particularmente
relevante é a crítica feita pelo Governador Mervyn King de que a política
macroeconómica inglesa está demasiado dependente do uso da política monetária
(o chamado quantitative easing). O
conservadorismo de Cameron-Osborne parece assim sob fogo.
O pior cego é de facto o que se recusa a ver, neste caso
a evidência dos custos associados à deflação e aos riscos dela se perpetuar.
O gráfico de Krugman é elucidativo. Apenas a economia
americana, com estímulo fiscal apesar da resistência republicana, consegue
ultrapassar o pico précrise. O Japão e a zona euro continuam bastante abaixo
desse referencial.
Por cá, a academia continua serena a assobiar para o
lado.
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