O meu PORTÉGÉ de última geração, o único portátil
verdadeiramente portátil que tive até agora, resolveu dar o berro e, neste
momento, jaz ou na morgue de computadores da TOSHIBA (felizmente com assistência
na Maia) ou resiste nas mãos de um técnico, que espero cuidadosa e tecnicamente
bem preparado, tentando recuperar um disco acometido de “crash” precoce (a compra data de maio de 2012), tão rápido e
fulminante como o próprio PORTÉGÉ.
Apesar de as minhas rotinas estarem seriamente
abaladas, resolvi ser positivo e encarar o “crash”
como uma alegoria. Noutras condições, teria perdido entre outras coisas a memória
deste blogue, pelo menos a desenvolvida a partir de maio de 2012. Sei
perfeitamente que o backup permanente
é uma espécie de preservativo da maneira de lidar com os computadores, por isso
não convém arriscar, mas a verdade é que a preguiça determinou que não tivesse
backup. Porém, como me rendi nos últimos tempos à comodidade do DROPBOX, tenho
um conjunto de informação quanto baste armazenada remotamente nos servidores do
DROPBOX e isso permitiu-me através de outro computador, aceder calmamente a
essa informação e aos materiais do blogue. Para além disso, a sociedade
tecnologicamente afluente, melhor dizendo a bondosa família, proporcionou-me
quase na mesma altura um IPAD que também tem acesso ao DROPBOX e por aí também
o problema estaria resolvido, a não ser que o próprio DROPBOX ousasse pregar
uma partida.
A alegoria não pode deixar de ser a fragilidade
da tecnologia. E isto aplica-se como uma luva a um Portugal, cuja viagem Socrática
imaginou que o salto tecnológico que o país efetivamente deu era suficiente
para o preservar de todas as maleitas possíveis. Mas não é assim. A tecnologia
tem fragilidades, não é de facto um “deus
ex machina” todo poderoso, feito de gadgets
sedutores (e como o parisiense Sócrates foi por eles seduzido) que tudo
resolvem. Não. A tecnologia é simplesmente uma mediação, é apenas conhecimento
sobre o qual se montam outras mediações, organizacionais, de segurança, de
eficiência e sobretudo de visão de futuro. Mas há um aspeto positivo. A
tecnologia pode ser fisicamente destruída mas o conhecimento que a suporta não,
é cumulativo. Isto significa que o salto tecnológico dado pelo país terá
produzido mediações que podem ser preservadas e valorizadas quando a miopia
quanto ao futuro desaparecer. E, como dizia ontem José Pacheco Pereira no
Quadratura, este governo pode ser considerado atingido pelo síndroma oposto ao
de Midas. Ou seja o que toca é transformado não em ouro, mas sim em lama, ou
melhor em merda. Haveremos de encontrar uma solução não congenitamente atingida
por este síndroma oposto ao de Midas.
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