sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

ALEGORIA EM TORNO DO DROPBOX



O meu PORTÉGÉ de última geração, o único portátil verdadeiramente portátil que tive até agora, resolveu dar o berro e, neste momento, jaz ou na morgue de computadores da TOSHIBA (felizmente com assistência na Maia) ou resiste nas mãos de um técnico, que espero cuidadosa e tecnicamente bem preparado, tentando recuperar um disco acometido de “crash” precoce (a compra data de maio de 2012), tão rápido e fulminante como o próprio PORTÉGÉ.
Apesar de as minhas rotinas estarem seriamente abaladas, resolvi ser positivo e encarar o “crash” como uma alegoria. Noutras condições, teria perdido entre outras coisas a memória deste blogue, pelo menos a desenvolvida a partir de maio de 2012. Sei perfeitamente que o backup permanente é uma espécie de preservativo da maneira de lidar com os computadores, por isso não convém arriscar, mas a verdade é que a preguiça determinou que não tivesse backup. Porém, como me rendi nos últimos tempos à comodidade do DROPBOX, tenho um conjunto de informação quanto baste armazenada remotamente nos servidores do DROPBOX e isso permitiu-me através de outro computador, aceder calmamente a essa informação e aos materiais do blogue. Para além disso, a sociedade tecnologicamente afluente, melhor dizendo a bondosa família, proporcionou-me quase na mesma altura um IPAD que também tem acesso ao DROPBOX e por aí também o problema estaria resolvido, a não ser que o próprio DROPBOX ousasse pregar uma partida.
A alegoria não pode deixar de ser a fragilidade da tecnologia. E isto aplica-se como uma luva a um Portugal, cuja viagem Socrática imaginou que o salto tecnológico que o país efetivamente deu era suficiente para o preservar de todas as maleitas possíveis. Mas não é assim. A tecnologia tem fragilidades, não é de facto um “deus ex machina” todo poderoso, feito de gadgets sedutores (e como o parisiense Sócrates foi por eles seduzido) que tudo resolvem. Não. A tecnologia é simplesmente uma mediação, é apenas conhecimento sobre o qual se montam outras mediações, organizacionais, de segurança, de eficiência e sobretudo de visão de futuro. Mas há um aspeto positivo. A tecnologia pode ser fisicamente destruída mas o conhecimento que a suporta não, é cumulativo. Isto significa que o salto tecnológico dado pelo país terá produzido mediações que podem ser preservadas e valorizadas quando a miopia quanto ao futuro desaparecer. E, como dizia ontem José Pacheco Pereira no Quadratura, este governo pode ser considerado atingido pelo síndroma oposto ao de Midas. Ou seja o que toca é transformado não em ouro, mas sim em lama, ou melhor em merda. Haveremos de encontrar uma solução não congenitamente atingida por este síndroma oposto ao de Midas.

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