quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

TUDO NA MESMA



A abertura do ano judicial teve de novo a marca do déjà vu, parecendo tratar-se de mais uma  daquelas tradições que se eterniza perante a nossa passividade. O bastonário Marinho Pinto avança com cobras e lagartos, denuncia situações escabrosas em torno da relação do governo com os tribunais de arbitragem e o populismo e propaganda governamental. A ministra esforça-se por demonstrar que não foi de facto um dos principais flops ou erros de casting deste governo. A Procuradora Geral da República, em termos não muito distintos do seu antecessor, reconheceu algumas das insuficiências, atrasos ou perplexidades de realidades sobre as quais exerce a sua tutela e acaba com a notícia da compra do Tribunal da Boa Hora para instalar o Centro de Estudos Judiciários. O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça fixa-se nas insuficiências da justiça portuguesa face por exemplo à evolução da justiça espanhola. O Presidente da República procura atirar para cima, destaca uma relação entre a justiça e a coesão social, parece ignorar os desvarios, mas na prática não está acima de toda aquela sessão, está simplesmente noutro registo.
A reação do cidadão comum já não é de perplexidade. Depois de uma sessão desta natureza nada se passa, como já não se passou no ano anterior. A reação é antes de simples indiferença. E com indiferença não há reatividade que potencie a mudança dos intervenientes protagonistas. Esta é uma boa ilustração dos vários impasses em que a sociedade portuguesa está mergulhada.

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