A abertura do ano judicial
teve de novo a marca do déjà vu,
parecendo tratar-se de mais uma daquelas
tradições que se eterniza perante a nossa passividade. O bastonário Marinho
Pinto avança com cobras e lagartos, denuncia situações escabrosas em torno da
relação do governo com os tribunais de arbitragem e o populismo e propaganda
governamental. A ministra esforça-se por demonstrar que não foi de facto um dos
principais flops ou erros de casting
deste governo. A Procuradora Geral da República, em termos não muito distintos
do seu antecessor, reconheceu algumas das insuficiências, atrasos ou
perplexidades de realidades sobre as quais exerce a sua tutela e acaba com a
notícia da compra do Tribunal da Boa Hora para instalar o Centro de Estudos
Judiciários. O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça fixa-se nas insuficiências
da justiça portuguesa face por exemplo à evolução da justiça espanhola. O
Presidente da República procura atirar para cima, destaca uma relação entre a
justiça e a coesão social, parece ignorar os desvarios, mas na prática não está
acima de toda aquela sessão, está simplesmente noutro registo.
A reação do cidadão comum já
não é de perplexidade. Depois de uma sessão desta natureza nada se passa, como
já não se passou no ano anterior. A reação é antes de simples indiferença. E
com indiferença não há reatividade que potencie a mudança dos intervenientes
protagonistas. Esta é uma boa ilustração dos vários impasses em que a sociedade
portuguesa está mergulhada.
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