quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

“BELEZA DE PS”

 
A abarrotar de trapalhadas, a maioria parlamentar exultou estes dias com a trapalhice dos seus principais adversários! Até Relvas se voltou a ouvir, no intervalo de uma das suas milhentas reuniões de negociação com Portas a propósito da cada vez mais provável não-privatização da RTP…
 
Mas, despoletadas pelo seu magnífico coordenador da área de Saúde, as declarações ADSE vindas do lado do PS existiram mesmo e não podem deixar de ser lidas como altamente enigmáticas (ou conspirativas?). Porque será que um Partido, já por si só tão envolvido num penoso esforço de retoma de credibilidade pública, persiste num incorrigível instinto autodestrutivo? Quem terá tido a brilhante ideia de escolher esse político “tenrinho” chamado Álvaro Beleza para funções de responsabilidade? Porque terá ele escolhido um momento de trajetória ascensional da cotação do Partido para ter o seu momento de glória mediática, logrando fazer duas manchetes suicidas em dois dias seguidos? E porque haverá tantos militantes “socialistas” com dotes parlapatórios de tal monta que quase rebentam de verborragia?
 
Senão vejamos, a título ilustrativo, como à sempre inspirada veia de José Lello – a maioria dos funcionários públicos são eleitores do PS. Se o PSD malhava nos funcionários públicos, o PS também teria aí de molhar a sopa. Se eles tinham um Moedas, o PS aspiraria a ter, pelo menos, uns moedinhas! – se veio juntar a eterna promessa Sérgio Sousa Pinto – O futuro da ADSE está a dilacerar o PS. A ala situacionista-parlamentarista-pós-socialista enfrenta a ala oficialista-situacionista-ratista-neo-socialista e a nova sensibilidade europeísta-situacionista-ex-socialista-anti-tabagista. Reclamo um Congresso antecipado. Convenhamos que melhor seria difícil…
 
Anedótico à parte, o certo é que – embora estivessem todos reunidos em jornadas parlamentares viseenses, e assim por perto uns dos outros – não se conseguiram articular no sentido de produzirem uma reação consistente à oportuna tirada de Beleza. Rápidos e ufanos, Zorrinho e Junqueiro logo vieram jurar que “o PS não é a favor da extinção da ADSE”, de imediato retirando todo o espaço a linhas de intervenção mais fundamentadas e estruturantes como as de Correia de Campos – “é essencial encontrar uma solução alternativa à ADSE”, “um mau sistema de saúde, porque não é integrado” – ou Ana Jorge – “estamos a desviar dinheiro do SNS para o privado e a ADSE contribui para isso”.
 
Aqui chegado, não encontro melhor forma de concluir esta deprimente história do que, após ter utilizado o título da crónica de Pedro Santos Guerreiro no “Jornal de Negócios”, reproduzir também o seu próprio epílogo segundo o qual “o PS é um partido do arco da velha”…

Sem comentários:

Enviar um comentário