A política macroeconómica britânica está sob observação
permanente. A opção teimosamente reiterada pelo governo de Cameron-Osborne foi a
de assumir, apesar das condições favoráveis de financiamento da economia do
Reino Unido e da sua autonomia monetária, uma política de contração fiscal e
uma política monetária mais acomodatícia do que propriamente orientada para a
promoção expansionista de mais emprego.
A referida observação está hoje mais apimentada, pois
avizinha-se a original substituição do governador do Banco de Inglaterra, Sir
Mervyn King, pelo atual governador do Banco do Canadá, Mark Carney e este último
tem-se multiplicado em afirmações de ser adepto de uma política monetária mais
expansionista, não tão vidrada no referencial dos 2% para a taxa de inflação de
referência. Assim aconteceu com a intervenção de Carney em Davos, onde uma vez
mais veio confirmar a sua ideia de que a política monetária não estará a ser
suficientemente expansionista.
O comportamento da economia britânica sugere que a questão
é mais vasta do que a simples tibieza da política monetária. A economia
continua a contrair-se (- 0.3% no último trimestre de 2012, superando o
pessimismo dos analistas). O gráfico que abre este post põe a nu as diferenças
de comportamento entre as economias americana e britânica. Para além da maior
audácia da política monetária do FED, na comparação assinalada, desfavorável à
economia britânica, pesa sobretudo a opção de contração fiscal da dupla
Cameron-Osborne.
A dramatização em torno de um referendo anunciado à distância
sobre a permanência ou saída da UE não tem a meu ver apenas como destinatária
as relações de força no plano europeu. São também uma tentativa, algo patética,
de tentar ocultar o falhanço de uma opção de política macroeconómica.
Para uma discussão mais técnica das opções futuras de Carney à frente do Banco de Inglaterra, o artigo de Gavyn Davies no Financial Times é uma boa referência.
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