quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A RÁBULA DO RETIFICATIVO



A maioria lá aprovou mais um retificativo, neste caso precedido por uma grande encenação sobre o aumento de impostos ou a existência de alternativas. Aqui o que verdadeiramente importa assinalar é a inépcia da oposição em geral que, mais uma vez, aceita entrar em toda a encenação aliás habilmente preparada pelo governo. Em que é que consistiu a encenação? Com o tempo de antecipação suficiente, o governo lança para a opinião pública e para a comunicação social o espectro do aumento de impostos, até pormenorizou com o ponto percentual do IVA, como saída para contrabalançar chumbos do Tribunal Constitucional. Em plena encenação, o explorador-comentador escuteiro Mirim, Luís Marques Mendes, dramatiza a situação e larga o seu conselho. Outros se sucedem, jornalistas e comentadores aproveitam a falsa tensão porque é Verão e afinal as notícias não abundam. A oposição morde o isco e a situação está no ponto de rebuçado para o primeiro-Ministro poder jogar o estatuto da sensatez e acomodar o pequeno buraco com a folga de receitas fiscais e alguns apertos de despesa, que não explicita, mas a cena está perfeita. Mas que oposição tão incapaz! Alguém imaginaria que o governo perderia esta oportunidade de mostrar, por pouco mais de três meses, que é capaz de resistir a usar a via dos impostos?
E com tudo isto o Governo consegue escapar incólume a duas coisas: ocultar a sua incapacidade de propor algo de estrutural para a segurança social e de propor reduções de despesa pública em processos coerentes de reorganização da máquina do estado.

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