A maioria lá aprovou mais um retificativo, neste
caso precedido por uma grande encenação sobre o aumento de impostos ou a existência
de alternativas. Aqui o que verdadeiramente importa assinalar é a inépcia da
oposição em geral que, mais uma vez, aceita entrar em toda a encenação aliás
habilmente preparada pelo governo. Em que é que consistiu a encenação? Com o
tempo de antecipação suficiente, o governo lança para a opinião pública e para
a comunicação social o espectro do aumento de impostos, até pormenorizou com o
ponto percentual do IVA, como saída para contrabalançar chumbos do Tribunal
Constitucional. Em plena encenação, o explorador-comentador escuteiro Mirim, Luís
Marques Mendes, dramatiza a situação e larga o seu conselho. Outros se sucedem,
jornalistas e comentadores aproveitam a falsa tensão porque é Verão e afinal as
notícias não abundam. A oposição morde o isco e a situação está no ponto de
rebuçado para o primeiro-Ministro poder jogar o estatuto da sensatez e acomodar
o pequeno buraco com a folga de receitas fiscais e alguns apertos de despesa,
que não explicita, mas a cena está perfeita. Mas que oposição tão incapaz! Alguém
imaginaria que o governo perderia esta oportunidade de mostrar, por pouco mais
de três meses, que é capaz de resistir a usar a via dos impostos?
E com tudo isto o Governo consegue escapar incólume
a duas coisas: ocultar a sua incapacidade de propor algo de estrutural para a
segurança social e de propor reduções de despesa pública em processos coerentes
de reorganização da máquina do estado.
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