Confesso que não estou particularmente
entusiasmado com o debate aberto em torno da nomeação de Carlos Moedas para
Comissário Europeu, sobretudo em torno do pingue-pongue governo-oposição sobre
as capacidades do dito.
O problema é que nem o governo nem oposição
parecem ter uma ideia definida de qual o papel que Portugal pode politicamente desempenhar
nesta fase atribulada da construção europeia e por isso toda a discussão em
torno do nome de Moedas é mera retórica de circunstância, apenas para marcar
posição na opinião pública.
Dos comentários dispersos que escaparam a essa
retórica de circunstância destaco o de David Dinis no Observador que considera
a nomeação de Moedas o reflexo da profunda relação de confiança que o une a Passos
Coelho e o de Teresa de Sousa que remete a nomeação para a evidência recolhida
por Passos Coelho junto de Juncker de que Portugal não poderia aspirar a uma pasta
de relevo, isto é, com capacidade de influenciar o rumo da política europeia.
Da trajetória de Carlos Moedas de Beja a
Bruxelas, passando por outras paragens, e sem querer ser má língua diria que o
ativo principal passa pela experiência na Goldman Sachs. O que abona ou não
abona a favor do futuro Comissário, dependendo das perspetivas. Cá para mim, a
nomeação de Carlos Moedas reflete ainda o conjunto de influências de pensamento
que muito provavelmente vão continuar a dominar o projeto europeu, mais mercado
único e pouco mais do que isso, com a tribo da financialização a marcar o
compasso.
O que significa que se a mensagem de Matteo Renzi
é sincera e independente, então teremos muitos muros que derrubar para criar um
ambiente mais favorável a uma União Europeia mais solidária.
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