O luto anda a rondar o Cinema Americano – desta vez a morte bateu à porta de um mito, a atriz Lauren Bacall (completaria 90 anos em setembro), sobretudo imortalizada pelas suas atuações em alguns importantes momentos do film noir (anos 40 e 50 do século XX, entre “Relíquia Macabra” de John Huston e “A Sede do Mal” de Orson Welles) ao lado do maior símbolo desse género cinematográfico (Humphrey Bogart).
No meu imaginário, Lauren será sempre a sensual Vivian (foto à esquerda da imagem abaixo) de “À Beira do Abismo” (John Huston, 1946), o seu terceiro filme após ter sido iniciada na carreira ao lado de Bogart por Howard Hawks (“Ter e Não Ter”, 1944). Durante as filmagens deste nasceu uma paixão entre os dois protagonistas (ele vinte e cinco anos mais velho do que ela), a qual redundaria no divórcio do ator e num casamento só interrompido pela morte dele em 1957.
Não será apenas impressão decorrente do meu conhecimento confessadamente não especializado e parcelar – de facto, e que me lembre, vi-a sucessivamente em “Como se Conquista um Milionário” (com Marilyn Monroe), “Escrito no Vento”, “A Mulher Modelo” e “Assassinato no Expresso Oriente”, falhei a sua representação nomeada para Óscar secundário em “O Espelho Tem Duas Faces” e só voltei a reencontrá-la recentemente em dois filmes de Lars Von Trier – a de que Lauren, que continuou a trabalhar com algum ritmo ao longo dos anos, nunca mais atingiu o esplendor (e não me refiro apenas à sua jovialidade e beleza) daqueles tempos em que contracenou, com uma qualidade diferenciadora, ao lado de Bogart por quatro vezes (além dos dois filmes atrás referidos, esteve também em “Prisioneiro do Passado” (1947) de Delmer Daves e em “Paixões em Fúria”(1948) de John Huston). Não obstante, e apesar de a auréola de Lauren se ter vindo de algum modo a esbater, tal evolução foi sendo acompanhada da dignidade de uma grande senhora e não poderá ter minimamente afetado uma memória que ficará para sempre gravada na história do Cinema...
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