Primeiro, foi um presidente da República Francesa em perda de credibilidade a voltar aos por si entretanto esquecidos malefícios das políticas de austeridade vigentes na Europa.
Depois, vieram uns ministros lançar uma fronda contra essa mesma austeridade e seus principais promotores (vejam-se os meus posts de 25 do corrente), tendo imediatamente Valls e Hollande reagido e forçado o respetivo despedimento, com o chefe dos revoltosos (Montebourg) a insistir na sua dama na declaração de renúncia.
Aqui chegados, chegou-se então à frente o primeiro-ministro francês para afirmar que o problema não é de qualquer política de austeridade, matéria que disse não praticar, aproveitando ainda o ensejo para manifestar o seu amor profundo pela empresa.
Mas a coisa tinha-se posto negra e Hollande, que começara por eleger a finança como o seu “verdadeiro adversário”, decide designar um novo ministro da Economia (Emmanuel Macron) reconhecidamente liberal e vindo da banca de investimentos (Rotschild, nomeadamente).
Sendo que a justificação não se fez esperar, já que o dito Macron afinal apenas corresponderá ao hemisfério direito do cérebro de Hollande, que é nada mais nada menos do que o responsável pelos movimentos da parte esquerda do corpo.
Sofisticado demais? Nada disso. Tudo isto não passa de componentes de uma gigantesca campanha de marketing que visa reabilitar a imagem do atrapalhado inquilino do Eliseu. A qual foi objeto dos favores de um devido acolhimento na reunião especial do Conselho Europeu de ontem, onde foi expresso um acordo quanto a uma agenda estratégica com um foco no emprego, crescimento e competitividade que já vinha de 27 de junho e pouco tem de novidade mas serve para viabilizar uma agit-prop salientando as “duras exigências” de um Hollande tão artificialmente insuflado quanto primando por uma cada vez mais cândida e desesperante desorientação...
Sem comentários:
Enviar um comentário