sexta-feira, 22 de agosto de 2014

ACONTECEU EM ESPANHA


Eis um esclarecedor quadro divulgado pelo “Expansión” para dar conta do que foram estes últimos cinco anos de racionalização bancária em Espanha – durante os quais ocorreu o resgate europeu (de julho 2012 a janeiro 2014) –, agora culminando na produção de um mapa radicalmente novo do respetivo sistema.

Com efeito, o número de entidades conheceu uma redução superior a um quarto, tendo-se verificado uma concentração do negócio financeiro desenvolvido pelos três maiores bancos (Santander, BBVA e CaixaBank) e o desaparecimento na prática de todas as cajas de ahorro (que chegaram a representar em torno de metade do negocio financeiro espanhol), e observou-se ainda uma significativa redução do número de balcões (menos 10378) e de empregos (menos 56625).

No que toca ao resgate europeu, dos 100 mil milhões de euros disponibilizados terão sido utilizados cerca de 44, designadamente 41,4 através do Mecanismo Europeu de Estabilidade aplicado a nove entidades – as quatro nacionalizadas (Bankia; NCG Banco, vendido aos venezuelanos do Banesco, principal acionista do Banco Etcheverría; Catalunya Banc, adquirida pelo BBVA; Banco de Valencia, integrado no CaixaBank), que absorveram 89% das ajudas, e outras cinco (Liberbank; BMN; Unicaja-Ceiss; Caja 3, adquirida por Ibercaja; Banco Gallego, agora pertencente ao Sabadell – e 2,5 na capitalização do Sareb (o banco mau para onde foram transferidos os ativos tóxicos imobiliários do sistema).

Para além destas somas, diversos outros comprometimentos estatais ocorreram em entidades que não recorreram aos fundos do resgate europeu – Cajasur, agora pertencente ao Kutxabank; CAM, do Sabadell; Unimm, adquirida pelo BBVA; Banca Cívica, agora no CaixaBank; Caja Castilla-La Mancha, intervencionada pelo banco central em 2009 –, especialmente em termos de avales e esquemas de proteção de carteiras de ativos, tudo conduzindo a que se estime que o envolvimento público total tenha ascendido a um valor em volta de 54 mil milhões. O sector, por seu lado, aportou cerca de 7,5 mil milhões através do Fundo de Garantia de Depósitos.

A operação com que se concluiu esta intensa fase de reestruturação correspondeu à compra do CatalunyaBanc pelo BBVA, na qual o FROB (Fundo de Reestruturação Bancária) – ainda possuidor de participações no Bankia e no BMN (onde injetou 22,4 e 1,6 mil milhões, respetivamente) – já assumiu uma perda de 12 mil milhões de euros. Algumas estimativas apontam adicionalmente para um montante de dinheiros públicos considerado não recuperável que ascende a 40 mil milhões de euros.

Concluamos sublinhando que, embora a complexidade e gravidade dos problemas com que se defrontava o sistema bancário espanhol fosse à partida incomensuravelmente maior do que ocorria por cá, alguns resultados começam por lá a saltar à vista desarmada...

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