sexta-feira, 1 de agosto de 2014

MOEDAS FORTE


Ao contrário do que me tem sido habitual, hoje vou dar um aplauso a Passos. Com efeito, tudo visto e ponderado, sou levado a reconhecer que me parece positiva a escolha de Carlos Moedas para comissário europeu. Não porque o homem não seja um assumido “neoliberal” fortemente comprometido com a austeridade acéfala que nos abafou, que o é inquestionavelmente. Mas porque esta designação não deixa de corresponder a uma injeção de algum sangue novo numa Europa podre de velha, porque se trata bem mais de indicar um técnico com competências – como comprovou na gestão do dossiê das relações de Portugal com a Troika – do que um politicão/jotinha partidário, porque o dito possui boas e variadas ligações internacionais e porque o mesmo já mostrou ser dotado de sãos princípios de funcionamento em matéria do necessário equilíbrio entre determinação nas convicções e abertura ao contraditório. E, para além de tudo isso, também porque as atuais configurações da conjuntura política nacional desaconselhavam uma saída de Albuquerque das Finanças ou uma imprevisível aposta no escuro de um PS embrulhado num lamentável combate interno – ao que acresce, ainda, que qualquer favorecimento a conceder às quotas femininas só deve ser, a meu ver e na melhor das hipóteses, um elemento de desempate entre vários critérios a relevar e que, no caso vertente, a conjunção dos diversos atributos merecedores de elegibilidade vai no sentido de qualificar Moedas claramente acima das suas mais “generosamente” faladas alternativas, de Graça Carvalho a Isabel Mota ou até da desejosa Maria João Rodrigues à desejada ministra Albuquerque...

Adenda noturna: esteve entre o caricato e o grotesco a entrevista acabada de dar por Maria João Rodrigues a Ana Lourenço na SIC Notícias – como é possível que alguém com a cabeça no seu lugar, para não dizer com os cinco litros bem medidos, e um mínimo de sentido do ridículo se preste a ir à televisão fazer aquele papel de elogiosa autocontemplação? E a propósito, já agora, não valeria a pena que alguém com uma réstia de lucidez nesta provinciana parvalheira analisasse o que é que a senhora fez ao certo na Europa e com que resultados?


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