domingo, 10 de agosto de 2014

O SOBE E DESCE DA SEMANA (VI)


Mais uma semaninha bem quente a contrastar com um Verão de temperaturas atipicamente instáveis. Com o caso BES continuadamente no centro das atenções, atingindo agora – supostamente aliviadas as maiores aflições da semana passada – a fase de chicana política e tiro ao alvo.

E se já quase não há um político à esquerda ou um qualquer comentador que não venha com alguma crítica à solução do Banco de Portugal – ou porque se devia ter nacionalizado, ou porque se devia ter deixado falir, ou porque se devia ter agido mais cedo, ou porque se devia ter avisado os pequenos acionistas, ou porque se devia ter informado a CMVM, ou porque os outros bancos daqui, ou porque os outros bancos dali, ou porque os angolanos, ou porque os venezuelanos, ou porque os mercados, ou porque o raio que os parta –, acabou por ser o pseudoenciclopédico Pedro Adão e Silva a chamar para si a maior visibilidade (capa do “Jornal de Negócios”) contra a atuação de um supervisor que no essencial foi quem conseguiu rechaçar a iminência de uma crise sistémica (como bem sublinhou Mario Draghi).

Com efeito, não é Carlos Costa o culpado do aproveitamento político da sua competência que a maioria foi e vai fazendo, uma situação aliás amplamente facilitada pela impreparação patenteada nas posições adotadas pelas principais personalidades da Oposição dita construtiva (de Martins a Ana Gomes, de Eurico a Seguro e até de Silva Pereira a Costa). E quanto aos inúmeros alçapões que ainda virão a ser conhecidos na matéria, apenas podemos dizer que o mundo não é perfeito e que levante o dedo quem foi capaz de antever e sugerir melhor. Um drama em muitos atos a que só é ajustado reagir sublinhando a eficácia possível (o que só está ao alcance dos não ignorantes) ou com alguma distância e largueza de vistas (como foi o caso da jocosa alusão a um banco pior que mau, dito “horrível”, feita pelo “Inimigo Público”).

Mas no meio disto tudo ainda sobrou tempo para Montenegro, desta vez sem avental, vir ameaçar novamente o Tribunal Constitucional – ou seria já um prenúncio da estratégia de rentrée que se vai desenhando lá para os lados da Manta Rota?

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