Alguns incidentes recentes levaram muita gente a voltar à questão dos riscos e dos temores associados às viagens aéreas. Mas, e apesar de algumas situações estranhas ou enigmáticas – do desaparecimento do avião da “Malaysia Airlines” no Oceano Índico ou da queda/abate de outro em território ucraniano –, o certo é que as indicações objetivas (nomeadamente as fornecidas pela “Aviation Safety Network”) vão noutro e bem diverso sentido.
Em primeiro lugar, porque o número de acidentes aéreos e de passageiros mortos tem vindo a diminuir significativamente nos últimos quarenta anos (de uma média de um acidente por semana no início da aviação comercial a uma média atual inferior a um por mês; para mais detalhes, veja-se ainda o gráfico da parte esquerda da imagem acima, o qual permite confrontar o pico de 1972 – 75 acidentes e 2510 mortos – com os números mais recentes de 29 acidentes em 2013 e 13 na primeira metade de 2014). Depois, porque essa diminuição ocorre ao longo de um período em que o recurso a tal meio de transporte aumentou enormemente (de 9,4 milhões de voos comerciais em 1970 a 30,3 milhões em 2012). Por fim, porque vários dados evidenciam que o transporte aéreo acaba por ser claramente o mais seguro de todos os existentes (uma taxa global de acidentes avaliada, em 2013, em um incidente por cada 2,4 milhões de voos realizados por aparelhos construídos por países ocidentais e uma comparação altamente ou exponencialmente favorável em relação aos restantes meios de transporte – veja-se na parte direita da imagem acima uma ilustração aplicada ao caso inglês).
Claro que podem sempre contrapor-se argumentos sobre a má sensação decorrente de uma falta completa de visibilidade/controlo por parte do passageiro ou sobre a quase inevitável morte do artista por que se salda um desastre aéreo, mas já não são minimamente pensáveis nem conformes a estes tempos de desafiante globalização quaisquer hipóteses relevando de uma autocentrada contenção nacionalista, ibérica ou europeia...
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