sexta-feira, 29 de outubro de 2021

À BEIRA TEJO

 

(Ontem, bem cedo, quando tomava um café na Doca Norte de Alcântara, ao lado do edifício do Público onde decorreu o Talk Digital sobre os resultados da avaliação da Estratégia de Comunicação do PO Capital Humano, com o Tejo em frente, ainda que fortemente escondido pelas inúmeras barreiras que se perfilam mesmo ao pé da água e já depois do caminho de ferro, com uma manhã deslumbrante, não se pressentiam nem os ventos da borrasca política, nem a tempestade climática anunciada para estes dias. Inúmeras pessoas faziam exercício ao longo do Tejo, jogava-se basquete nas novas tabelas coloridas, ignorando a greve do metro e o caos em que Cidade se apresentava naquela manhã e os parques de estacionamento ribeirinhos enchiam-se progressivamente. Estes momentos de arejamento são preciosos e dificilmente naqueles momentos havia preocupação pela azáfama do Costa, do Rio, do Rangel, do Chicão, do Melo e quejandos e muito menos com a excentricidade do Presidente em ir pela calada da noite a uma caixa multibanco.

 

O espaço do pequeno auditório do Público é acolhedor e as gentes do Público, com a Alexandra Chamusca a pontificar na organização da sessão e o inconfundível Manuel Carvalho a moderar com sabedoria, lucidez e informalidade sobre um assunto em que o jornalismo tem uma palavra a dizer e como gostaríamos que fosse mais persistente e regular em contribuir para uma visão mais robusta e menos preconceituosa sobre os Fundos Europeus em Portugal.

O debate foi interessante estimulado pelas conclusões da nossa avaliação, com um excelente contraponto entre a perspetiva da gestão do programa (Joaquim Bernardo com carradas de razão sobre o caráter enviesado da designação capital humano), da investigação sobre a matéria da comunicação (Gustavo Cardoso, com reflexões interessantes sobre como trabalhar a matéria comunicacional junto dos jovens apoiados pelo programa) e do jornalismo (a competente Mónica Silvares do ECO, uma das jornalistas mais informadas, competentes e sérias sobre os Fundos Europeus).

Ficou no ar a ideia de que o jornalismo tende a ecoar os sentimentos mais profundos da sociedade portuguesa quanto aos Fundos, quando poderia servir de contraponto a essa inércia de opinião, abrindo-se mais a perspetivas que valorizem o rigor, o impacto estratégico e as melhorias efetivas que estão a ser observadas em matéria de qualificações.

O momento está cumprido, fez-se alguma história, divulgando pela primeira vez os resultados de uma avaliação de uma estratégia de comunicação e fico contente por ter estado ligado a essa iniciativa.

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