A nova condenação do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy vem demonstrar que o cada vez mais necessário reforço de sociedades democráticas estruturadas e sólidas pressupõe e exige que as formas de acesso ao poder e o seu exercício não possam autorizar atropelos de qualquer tipo e devam ainda ser objeto do mais cuidado escrutínio. Mas também evidencia a imensa dimensão de efémero que envolve manifestações correlacionadas como as da arbitrariedade, do absolutismo e da inimputabilidade que alguns poderosos insistem em tentar explorar tão imaginativa quanto despudoradamente. Sarkozy, com quem anos atrás aqui ironizávamos frequentemente pelos seus ridículos modos e tiques e pelos seus comportamentos dominantemente alheios ao interesse europeu, tornou-se claramente um caso contemporâneo de estudo na matéria em causa. Petit Nicolas vai agora passar uns tempos numa humilhante prisão domiciliária, a qual apenas poderá ter alguma eventual compensação num convívio mais presente com a sua musa Carla Bruni, alguém que estranhamente acabou por conseguir seduzir após um casamento cheio de traições rasteiras e de remates nada curiais. E assim se vão sucedendo clássicos elucidativos das fraquezas humanas, mesmo quando se torna por demais percetível que esta vida são dois dias e que poder e dinheiro parecem ajudar a bem a levar mas não trazem nem substituem a felicidade enquanto única realização plena.
Sem comentários:
Enviar um comentário